segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Do meu primeiro Natal de adulta

Começou uma semana antes do Natal. Este ano, tive direito a horas infinitas na procura do presente ideal para aquela mão cheia de pessoas que o merece, ao dinheiro do meu primeiro subsídio (cortado a metade, quase) a desaparecer da carteira a uma velocidade alucinante, a dores nas pernas e a falta de espírito natalícia das compras.

Depois, sexta e sábado. Fiz rabanadas, aletria, pudim Abade de Priscos, bolo de cenoura com cobertura de chocolate, bolo e tarte de abóbora, queques de courgette e chocolate, um tiramisu para sobremesa e ainda ajudei o pai a fazer o Bolo Rei. A mãe precisou da minha mãozinha na confecção das entradas e no assado para domingo. Os cabazes de Natal para oferecer também não se iam embrulhar sozinhos. Já em casa dos avós, havia a mesa para pôr e outras tantas coisas de última hora para fazer. Bateram as doze badaladas e eu estava estoirada, doíam-me as costas e queria a minha cama. Resisti e fiquei mais um pouco à mesa, a jogar uns jogos, em cantorias e conversetas. O domingo foi mais tranquilo, na ressaca da trabalheira toda dos dias anteriores.

Pela primeira vez, o Natal não foram só risos, presentes, jogos, família, música, comidinha pronta e cheirinho a doce. Pela primeira vez, percebi que para o meu Natal ser como era, as mulheres da família (e os homens, às vezes) trabalhavam que se fartavam. Mas pela primeira vez senti o quão caloroso pode ser um sorriso de isto está tão bom, nham ou o quão bom é comprar um presente que sabemos que aquele alguém vai efectivamente gostar. 

Foi assim o meu primeiro Natal de adulta.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Antecipação


Tomada que está talvez a decisão mais importante da minha vida, sendo eu feita para pensar, repensar, dormir sobre o assunto, pensar e voltar novamente a debruçar-me sobre as questões, chega a altura de sofrer por antecipação. De consciência, sei que ainda faltam alguns meses até que se concretize a mudança definitiva, sei que até lá ainda chegará um calvário de burocracia e algumas lágrimas ainda vão rolar, sei que a distância espacial e temporal não me permitirá ver o bom da mudança e apenas ressaltará a minha vontade de voltar atrás.

Antecipar a distância faz-me perceber uma coisa que até hoje nunca tinha percebido: as saudades são tramadas. Sei que vou ter saudades da minha mãe, de tudo o que ela me faz e que eu não valorizo, das chamadas aborrecidas mas que vão fazer tanta falta. Sei que vou ter saudades do meu pai, o pai herói que tudo faz para me agradar, que sei que me adora, que me vê como a sua pequenina e de quem sei que levarei comigo o seu coração. Sei que terei saudades da família, dos meus avós, dos meus tios, dos meus primos, dos almoços e jantaradas, das datas festivas e do amor que tantas vezes não se diz mas sente-se. Sei que terei saudades dos meus amigos, das conversas, das saídas, dos segredos e cumplicidades, da dedicação, das bebedeiras e das loucuras, das ternuras. Sei que terei saudades da minha cidade, de conduzir pelo trânsito da VCI, de ir ao Norteshopping, ao Piolho, de ver a bola no Dragão.

Conclusão: não podemos ter tudo, é uma inevitabilidade. A vida é tramada!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Querer bem

Hoje foi um dia normalíssimo, igual a muitos outros domingos. E ainda assim hoje aprendi o que significa querer bem a alguém.

Perante uma notícia, esbocei um sorriso, magiquei mil cenários e depois, numa simplicidade que me estranho, disse-lo. Perguntei-lhe se era pecado estar contente com o que se tinha passado. Ele, com a naturalidade que me encanta, respondeu-me que sim, que era, que estava triste e que eu não tinha sido a amiga que ele precisava naquele momento. Falhei redondamente e a minha eterna inadaptabilidade emotiva levou-me a falhar novamente quando, ao colmatar o erro, utilizei o recurso menos apropriado: ninguém queria rir naquele momento.

Mais tarde, às voltas na cama, já a noite ia adiantada e não conseguia dormir. Redimi-me da forma que sei e posso, mas ainda assim não é suficiente, porque hoje aprendi o que é querer bem a alguém, independentemente da forma como isso nos faça sentir. De querer que esse alguém esteja bem, feliz, de bem com a vida, ainda que a mim o sono me teime em fugir e a tranquilidade da noite não chegue.



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sei sim.

O que não tem remédio, remediado está!, costumam dizer. De nada me vale contrariar o eterno medo de ser feliz. Ou porque o timing nunca é o certo ou porque a pessoa é a errada ou então simplesmente mais uma vez não foi suficiente. Ou então porque, num olhar complacente espelhado numa máscara de miúda, não me levam a sério. Não sei, nem sequer me apetece tentar perceber agora. Quero apenas dizer que sei sim. Sei quem sou, sei o que quero, sei o que sinto, sei porque o sinto, sei por quem o sinto e, mais, sei o que o futuro pode trazer. E, por isso, estou tranquila, sem expectativas, sem mágoas, sem ressentimentos, apenas de bem comigo. E com ele.

Ainda assim, não posso admitir que me digam que não sei o que sinto, que peguei numa confusão e a transformei em algo que não existe. Sei que gosto dele quando ele me chama pelo nome pequenino, oh dezita, quando é cavalheiro, quando é querido, quando me respeita mais do que todos os outros, quando me acha tola e faladora demais, quando é natural e despreocupado, quando me diz para me acalmar e que faço tempestades num copo de água, quando se revela por inteiro, quando encarna o papel de protector, quando é tradicional e o diz sem pudor ou quando é rebelde sem causa.

E pronto. Se gostar tiver de ser uma loucura desenfreada, se o mundo tiver de parar de girar, se a palavra tiver de ser gritada aos quatros ventos, então eu não gosto. Mas se puder ser dita baixinha, ao ouvido, no nosso tempo, no nosso espaço, como somos, então gosto. E eu sei que gosto sim, assim, simples e bruto.


segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Do meu FC Porto

Pela primeira vez em muitos jogos, senti-me profundamente envergonhada pelo meu FC Porto no sábado, frente ao Olhanense. Nem sei o que dizer. Parece que o que não tem remédio, remediado está; e por isso não vale mais a pena continuar a bater no ceguinho. 

Começando por Vítor Pereira, faço aqui o mea culpa e tenho de morder a língua em relação ao que disse quando Villas-Boas saiu. Pareceu-me bem a ideia de continuidade, a confiança, o conhecimento mútuo, apesar de sempre ter dito que Pinto da Costa foi, desta vez, apanhado na esquina por uma traição vil de um treinador campeão que se diz portista. Agora, percebo que Vítor Pereira foi uma péssima escolha: não tem o respeito dos jogadores nem o consegue conquistar, é tecnicamente muito fraco (conheço 'treinadores de bancada' muito melhores que ele), não conhece os jogadores que têm - como é possível andar a desperdiçar um jogador como o James ao colocá-lo sempre junto à linha e não na posição de dez? -  e vive manifestamente numa realidade à parte, capaz de envergonhar o Jesus nas suas intervenções junto da imprensa: «O FC Porto tentou tudo, circulou, movimentou-se. Não posso apontar absolutamente nada aos meus jogadores». Será ele o único a ver que não jogamos a ponta de um corno?! 
Mais, os discursos empolados contra a massa associativa, os jornalistas e o mundo só lhe ficam mal perante a ineficácia dele em motivar a equipa, incutir-lhes genica, garra e vontade. É preciso unhas para tocar guitarra e é preciso mais de um treinador para liderar uma equipa com tanto talento.

Depois os jogadores, aqueles que me conquistaram de forma tão arrebatadora na época anterior e a quem ainda, às vezes contra a razão, me salta o coração pela boca no que toca a defendê-los das críticas. Mas o que é demais é erro e, se alguns deles ainda granjeiam a minha simpatia, outros estou que é rua com eles. 
Como por exemplo Walter e Rodriguez, as baleias oficiais do FC Porto. Se o primeiro foi claramente um erro de casting (ao qual algumas mentes iluminadas teimam em chamar grande promessa), o segundo já vem dando provas há anos de que não consegue correr trinta minutos em bom ritmo. Depois Fucile, o jogador mais inconstante do plantel que, a cada corte de cabelo, parece que fica mais idiota. A seguir, Guarin que se quer ir, que vá, porque não aquece nem arrefece, principalmente se continuar com a cabeça cheia de €€€. E, por último, Rolando e, o que me parece mais um erro de casting de 13M, Mangala, o defesa central que depois de um bom jogo insiste em errar continuamente. Oh God, make me good but not yet!

E, por último, e para mim a maior responsável, porque tem o poder de controlar tudo o resto: a SAD do FC Porto. Meus senhores, a quem já estendi elogiosas graças e aos quais dou os parabéns pela condução do clube noutras ocasiões, agora estenderam-se ao comprido, com erros atrás de erros: terem sido apanhados na esquina por AVB e por Falcão, não contratarem um avançado, terem dado tanto dinheiro por jogadores suplentes e que podem não passar de promessas e agora, não terem coragem de parar o descalabro enquanto a procissão ainda vai no adro.

Temos de mudar. Mudar de treinador e esperar que o novo mude o comportamento daquele grupo fantástico de jogadores que encarnaram o papel de virgens ofendidas. Mudar o discurso. Mudar agora, já, para ontem, que o caldo ainda não está entornado. Ou como podia estar o Moutinho a dizer na imagem abaixo, vamos lá carago!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Por que prender a vida em conceitos e normas?

Não gosto de estereótipos, porque não compreendo que se possa reduzir a uma característica toda a essência de uma pessoa. Se é loira, não é necessariamente burra. Se é informático, não tem de ser nerd. Se é enfermeira, não tem de ser uma pin-up girl. Se é um homem de sonho não tem de ser alto, loiro, forte e de olhos azuis. 

 Prefiro alguém engraçado e de riso fácil do que alguém lindo. Prefiro um homem que sai com os amigos, que não vive em função de mim ou de nós, que adora um bom copo e, às vezes, até passa os limites, que gosta de desporto e assume que prefere ver a bola do que falar de livros, que não gosta de vestir um fato, que acha que fazer a barba é uma chatice necessária e que não sabe qual a marca de perfume que uso. Prefiro um homem que saiba que os pequenos prazeres da vida são aquilo que nos faz gostar de viver: comer, dormir, rir. Um homem que quer viver despreocupada e saudavelmente. 

 Não tem de ter músculos definidos, olhos azuis e cabelo louro; pode até ter uma barriguinha saliente, olhos castanhos banais e pouco cabelo. Não tem de ter o melhor emprego do mundo, apenas fazer aquilo que gosta com inteligência e saber. Não tem de ser o Mr. Right aos olhos dos meus pais: pode fumar, beber e até dizer uns palavrões de vez em quando, especialmente se a vida lhe corre mal, porque de certeza que noutros momentos me compensará com o seu humor. 

 Basta que seja feliz e que me faça feliz. 


 Inspirado num texto de Arnaldo Jabor.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Há canções e há momentos


Por muito que o coração diga...


"Não faças o que ele diz". André Villas Boas, ainda não estás perdoado!

Aleluia!

(imagem de Porto em Azul e Branco, de Hélder Pacheco)

Dúvida? Não. Mas luz, realidade
e o sonho que, na luta, amadurece.
- O de tornar maior esta cidade.
Eis o desejo que traduz a prece.

Só quem não sente o ardor da juventude
poderá vê-la de olhos descuidados.
Porto - palavra exacta. Nunca ilude.
Renasce, nela, a ala dos namorados!

Deram tudo por nós estes atletas.
Seu trajo tem a cor das próprias veias
e a brancura das asas dos poetas...
Ó fé de que andam nossas almas cheias!

Não há derrotas quando é firme o passo.
Ninguém fale em perder! Ninguém recua...
E a mocidade invicta em cada abraço
a si mais nos estreita. A pátria é sua.

E, de hora a hora, cresce o baluarte!
Lembro a torre dos Clérigos, às vezes...
Um anjo dá sinal quando ele parte...
São sempre heróis! São sempre portugueses!

E, azul e branca, essa bandeira avança...
Azul, branca, indomável, imortal.
Como não pôr no Porto uma esperança
se "daqui houve nome Portugal"?

Pedro Homem de Mello

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Liberdade

Há mais de quarenta anos, para ser precisa há quarenta e dois anos, Portugal vivia mergulhado num regime fascista. A insatisfação era geral e, inspirados por ventos franceses, a academia, os seus docentes e os seus alunos começavam a demonstrar alguns desconforto. A falta de liberdade, de valores, a pobreza gritante do país e a podridão de espírito trazida pela guerra nas colónias eram assuntos que ocupavam o pensamento daqueles que usavam capa e batina.
Até que em Abril de 69, Alberto Martins, presidente da Associação Académica de Coimbra pede a palavra ao presidente Américo Tomás: "Posso usar da palavra?", pedido que lhe foi negado, tendo sido preso no dia seguinte. Acendeu-se assim o rastilho de uma das maiores manifestações de indignação e de repressão, que apenas serviram para reforçar a unidade estudantil.

Quarenta anos passaram e tanto mudou. Por aqueles que lutaram na altura, agora temos direito à palavra, à indignação, ao conhecimento e à liberdade. Tomámos como nossos os seus hinos, até sabemos entoá-los. Temos orgulho em ser a geração com  mais conhecimentos, com mais formação.Na realidade, seremos a primeira geração a viver pior do que os pais, a geração dos quinhentos euros, da precariedade, da emigração e do futuro adiado. 

Mas em nós falta a coragem para lutar. Falta a coragem para de capa e batina pormos em causa a vida confortável que ainda levamos e sairmos do marasmo em que vivemos, eternamente ludibriados pelo ideal capitalista, que tudo promete e nada dá. Passados quarenta anos, é altura de lutarmos com as mesmas armas, com orgulho no nosso passado e fazendo da nossa capa negra um hino de liberdade.




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Daqueles amores que nunca serão amor

Já não o sentia há sete anos. Aquele amor que nunca será amor. Mas sete anos depois, continuo a achar que casava com ele.

Dores que sabem bem


Nunca fui uma pessoa magra, bem pelo contrário. Quando nasci era uma bebé gordinha e assim continuei enquanto criança, adolescente e por aí fora. Mas, achaques de mulher à parte, sempre me aceitei como sou. Fiz desporto durante toda a minha vida, houve momentos em que estive realmente em forma e sempre me senti bem no meu próprio corpo. De consciência, sei que nunca serei uma magricela, capaz de usar qualquer trapinho que tudo lhes fica bem porque não fui geneticamente programada para isso, o que não quer dizer que tenha de me contentar em ser um batoquezinho.

A verdade é que os anos de faculdade, para além de muitas alegrias, aprendizagens e alguns dos melhores momentos da minha vida, também trouxeram um total relaxamento no que fiz respeito a dieta e exercício físico, o que contribuiu com alguns quilos a mais na balança. E 2011 foi um ano péssimo: stressante, cheio de coisas negativas e cortes drásticos, tornando-se o culminar do desastre anunciado que era o meu aumento de peso nestes últimos cinco anos.

Por isso, há duas semanas comecei a fazer algo por mim mesma: exercício e alguma dieta, que não sou cá mulher de deixar de apreciar o que a vida tem de bom. Faço-o por mim, não por ninguém. Faço-o porque me quero voltar a sentir bem comigo mesma, e todos os dias noto progressos nesse sentido. E se há dias em que não me apetece, não quero e me arrasto para meia hora de exercício, há outros em que o facto de voltar a entrar nas calças pretas que já não vestia há dois anos me enche de alegria e de empenho.

Hoje doem-me as pernas, muito. Reconheço no meu corpo músculos que me questionava se existiam mesmo. Mas essas são dores que sabem bem. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Há vida no Mal por Mal!

Eu sou  de momentos, de inspirações, de vontades. Conheço-me bem, sempre fui assim em tudo na minha vida e este blogue não poderia deixar de ser o reflexo disso mesmo. Por isso, esta inconstância na cadência com que escrevo, um pouco ao sabor do vento e da inspiração.

Da minha vida, tudo na mesma, tudo igual, pouco para contar. Quer dizer, eu poderia falar da frustração que é não ter férias mas trabalhar a cinco minutos da praia. Ou do fim-de-semana passado em Viana, com anfitriões cinco estrelas, pessoas excelentes, momentos de descontracção e uma reacção alérgica daquelas que ficam na memória e obrigam a alterar o roteiro turístico, que passa a incluir umas horitas na urgência do Hospital de Viana do Castelo. Podia também falar da Cheirinho a Bolo, um dos poucos hobbies que me dão muito prazer no momento. Ou até do exercício matinal, escrupulosamente marcado para as 7h30, com dez quilómetros de caminhada intercalada com umas corridinhas.

Ou seja, tudo igual, nada de interessante. Apenas para dar sinais de vida.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

...

É sempre triste quando se perde uma vida, principalmente se ceifada nova, no auge do seu potencial. Gera intranquilidade, o sentimento de que a vida nos pode ser retirada a qualquer momento e que a morte não se compadece com o augurar de um futuro risonho.

Por outro lado, há vidas que merecem a devida homenagem, ainda que na morte. E por isso tenho de falar de Salvador Caetano, doutor da vida e dos negócios, pessoa que deixa saudades em Oliveira do Douro e um pouco por todo o país. Diz quem trabalhou consigo que era um empregador humilde e atento às dificuldades, preocupado. Morreu aos 85 anos, certamente de bem com a vida.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Daquelas coisas que me transtornam

"O Hospital de Sto. António reservou uma sala para amigos e familiar do cantor e actor" JN Online

Infelizmente, por motivos profissionais, já vi muita gente morrer. E em alguns momentos, fiquei sem saber o que dizer quando o familiar autorizado a acompanhar o doente, entre lágrimas e dor, depois de muitos dias ou até semanas a viver no hospital, a dormir num cadeirão, a sobreviver no mais básico das suas necessidades, observado por todos na pouca privacidade de uma enfermaria, me contava da partida eminente do seu ente querido.

Nós, os enfermeiros daquele serviço, oferecíamos o que podíamos dar. Uma garrafa de água, um cadeirão, uma coberta nas noites mais frias, um ombro onde desabafar ou um momento de descanso 'vá descansar que eu fico com o seu familiar' quase sempre negado na ansiedade de que o enfermeiro fosse o único a segurar a mão do seu familiar quando a vida findasse. Nunca, em momento algum, pude oferecer um quarto mais resguardado onde pudesse chorar, aguardar as notícias, tomar decisões tão difíceis na companhia de pessoas significativas para si.

E nesse momento de terrível verdade, nada importa quantas pessoas o conhecem ou quanto dinheiro tem. 
A importância que se dá a uma vida e a um luto deveria ser igual para todos. 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Afugentar abutres no caminho da vitória

Ouvem-se muitos velhos do Restelo auspiciar maus augúrios, derrotas e tragédias para os andrades. Falam com pesar da perda de continuidade, fazendo crer que se preocupam com um futuro pouco risonho para o FC Porto. Dizem que Pinto da Costa foi apanhado na curva e que, desta vez, terá dificuldade em recompor-se. 

Os cães ladram e a caravana azul passa. E os abutres esperam mais uma vez, enraivecidos. Porque o caminho que eles fazem agora, Pinto da Costa já foi e já veio. Várias vezes. Trezentos e dezanove minutos depois, assume um novo nome: Vítor Pereira. Claramente pensado, planeado, oportuno. Um treinador que, antes de Villas-Boas ter sido campeão pelo FC Porto, já o era. Razões de preocupação? Nenhumas!

O FC Porto, na figura do seu presidente, mostrou ser competente e eficaz, seguro numa estrutura de pessoas, valores e princípios devidamente resguardos entre os portistas. E Vítor Pereira é uma dessas pessoas. Dono de um profissionalismo conhecido, capaz e conhecedor de futebol, é igualmente conhecedor dos cantos à casa e tem os ingredientes que, no FC Porto, fazem campeões. E é por isso que Vítor Pereira faz todo o sentido.



[Por isso mesmo sosseguem lá a passareca lampiões e lagartos. Guardem bem a vossa prata da casa, Jesus e Domingos Paciência, que nós cá nos entretemos a ganhar títulos e a vender treinadores por preços que vocês não conseguem vender os vossos jogadores!] 

O prometido é devido


André Villas Boas chegou ao FC Porto como desconhecido para a maioria, conhecido como o adjunto de Mourinho por quem gosta e acompanha o futebol. Chegaram depois notícias que era adepto desde pequeno, que interpelou Robson quando este era treinador do FC Porto e lhe perguntou porque não punha o Domingos a jogar e que foi aí, debaixo da asa de um treinador campeão no FC Porto, que começou os seus voos, na altura rasantes. E digo rasantes, porque voos altos alcançou-os na época de 2010/2011, numa aposta ganha de Pinto da Costa, quando ganhou tudo o que tinha a ganhar no FC Porto, mais concretamente a Supertaça Nacional, o campeonato nacional, a Taça de Portugal e (a grande conquista!) a Liga Europa. Além de tudo isso, o FC Porto que teve como timoneiro André Villas-Boas deu-nos, a todos os portistas, recordações incríveis: os 5 a 0 no Dragão ao rival de Lisboa, a reviravolta na Luz, as goleadas, o campeonato invicto. André Villas-Boas tornou-se um herói na nação portista. Não apenas porque ganhou, mas porque era portista, daqueles de coração. Disse que não queria sair, que este era o seu emprego de sonho e, assim, conquistou um lugar no coração dos portistas, no meu também.

E por isso, foi com enorme incredulidade que vi, na segunda-feira, a notícia que André Villas-Boas poderia ter assinado pelo Chelsea. Primeiro não acreditei, mais um jornaleco de Lisboa a encanzinar a pré-época. Depois ignorei, quando o FC Porto emitiu o primeiro comunicado. Depois, enfureci-me. E a seguir racionalizei. Mas, no fim, desiludi-me profundamente.
Enfureci-me porque não se fazem promessas das quais não se tem intenção de cumprir. Enfureci-me, como sempre o faço quando nos prometem o mundo, embora saibam que não estão dispostos a conquistá-lo connosco. Enfureci-me porque não gosto que me mintam e muito menos suporto as incoerências.
Depois racionalizei. Foi um negócio e tanto, para o FC Porto e para o André Villas-Boas, principalmente quando já não estamos nos tempos das vacas gordas nem no futebol. Quinze milhões são um poderoso encaixe que estarão disponíveis para comprar novos reforços ou para solidificar o plantel já existente, mantendo assim alguns dos jogadores-chave. Para André Villas-Boas, o quíntuplo do que ganhava até agora anualmente. Para o FC Porto, agora é tempo de trabalho, verificar os danos, corrigi-los e iniciar a próxima época.

Mas, no final de tudo, resta-me uma enorme desilusão. Apesar de racionalmente ter de compreender a decisão, o meu coração de portista não pode deixar de se sentir traído, porque um portista não dá o dito por não dito. Um portista não sente uma paixoneta de verão pelo clube, ama-o até ao fim. Para mim, André Villas-Boas era alguém que, como eu, como o meu pai, sofria cada derrota, festejava cada golo, ansiava cada vitória e sentia o FC Porto como o seu clube. Acreditava inocentemente que, como eu ou o meu pai, seria capaz de treinar o FC Porto a custo zero se isso se impusesse. Mais, acreditava no compromisso que tinha anunciado, porque acredito que um Homem não deve faltar à sua palavra. Villas-Boas tinha tudo para sair pela porta grande, como um herói, aclamado por todos, adorado por todos os como ele, portistas. Poderia sair ainda este ano, poderia sair agora ou até depois, desde que não prometesse algo que não tinha a intenção de cumprir. Poderia, tal como eu lhe poderia desejar a melhor das sortes, uma carreira cheia de sucesso e que seja feliz profissionalmente. Mas, pelo coração morre este portista. Pelo menos para mim.

sábado, 11 de junho de 2011

Trabalho e blogue não combinam.

Gostaria de ter dito qualquer coisa aqui sobre os últimos tempos, nomeadamente:
- o FC Porto ter ganho tudo em todas as modalidades que tem;
- a agressividade dos miúdos e a incompetência dos pais;
- da mudança política que aconteceu no país.

Mas, acontece-me agora sair de casa ainda não são oito e meia da manhã e chegar quando já passam das oito e meia da noite. Tudo para dizer que esta vida de moura é difícil e que me valem os feriados para não deixar isto morrer.


domingo, 1 de maio de 2011

Nem gregos nem troianos

Percebe uma coisa de uma vez por todas, não vais conseguir agradar a todos.

De um lado, estarão aqueles que te criticarão o ser, desprezarão o intelecto, troçarão do sentido de humor, acharão tua pertença todos os defeitos dos homens. Desse lado, os mesmos apontarão o dedo em riste aos teus erros e afiarão a língua inflamada de ofensas e intrigas contra ti, como flechas cravadas na carne pela força das palavras. Do mesmo lado da barricada, outros assobiarão para o lado, ignorar-te-ão, achando-te desinteressante e vazia, pensando que o seu tempo é curto e precioso para ser gasto contigo.

Do outro lado, adorar-te-ão em forma de quase culto. Abanarão a cabeça em sinal de concordância, elogiar-te-ão a esperteza, o intelecto, o ser e as habilidades que concentras em ti. Jamais seguirão um caminho diferente do teu, defender-te-ão com unhas e dente, mesmo que isso lhes custe a credibilidade e o bom-nome.

Depois, há aqueles no caminho entre o oito e o oitenta. Que nuns dias te acharão disparatada, mas noutros afirmarão em pleno que a certeza está do teu lado. Que hoje não estão com a mínima paciência para a tua conversa que lhes parece insípida, mas amanhã chorarão às gargalhadas com o que contas. São aqueles que, no dia mais negro, conseguirão lembrar-se da tua humanidade, aceitando a estupidez. Porque para esses, és como és, nem sempre boa, nem sempre má.

És apenas tu, e ainda assim eles gostam de ti.

[post agendado]

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Dos desafios superados

O meu maior desafio sempre foi perdoar-me, saber que errar é o primeiro passo do crescimento e que todos temos direito a cometer na vida o nosso quinhão de asneiradas sem que venha mal ao mundo por isso mesmo. Pior ainda quando já não é a primeira vez que meto o pé na poça. Ou então quando alguém repara nas minhas falhas. Gosto de ser perfeita, ou pelo menos tentar sê-lo convivendo em paz com a inevitabilidade de que nunca o serei aos meus olhos nem aos dos outros. E era no remoer de mágoas e arrependimentos que perdia a minha paz, a minha tranquilidade e muitas vezes a minha alegria.

Mas, é então que o tempo, bom e eterno companheiro, chega para me ensinar uma lição de vida preciosa. Não te leves demasiado a sério, foi o que aprendi, por noites em os ressentimentos afugentavam o descanso, os dias passavam mergulhados no cansaço da culpa e o meu pensamento existia em ruminação do meu próprio erro.

O instante do erro apenas necessita de outro instante para ser reflectido, considerado, aprendido e remediado. Depois disso, a vida continua porque os pecadores e os mártires não existem. São apenas rótulos que aqueles que ainda não admitem que são apenas humanos colocam a si próprios.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Desliguei o telemóvel. E pronto.

Hoje fiz uma coisa que raramente (porque dizer nunca deve ficar mal e parecer mentira) faço: desliguei o telemóvel pouco passava das dez e meia da noite. Não ia dormir, aliás ainda estou acordada e o relógio diz que já passa da uma da manhã. Porque há um limite para a minha paciência e a minha capacidade de resolução de problemas atingiu o seu limite.

Esta semana engoliu-me completamente. Trabalhei mais do que a conta, estudei como já não me lembrava de o fazer, resolvi problemas todos os santos dias (e tantas vezes até altas horas da noite), fiz das tripas coração para tentar cumprir tudo aquilo que me tinha proposto. Não sai para tomar café, não conversei com amigos, não dei notícias aos emigras. Jantei sempre à pressa, não conversei com os meus pais e foi com um olho no burro e outro no cigano (leia-se, um olho na televisão e outro no computador) que vi ontem o  FC Porto.

E hoje à noite, de pijama já vestido, recostada na cama a beber um copo de leite quentinho e a ver o novo episódio do House, pensando eu que tinha tudo pronto, resolvido e que amanhã desfrutaria de um belo dia em Santiago de Compostela, caiu-me mais um problema em mãos, recheado de mil desculpas que soaram tão falaciosas. 

[Oh Deus, nunca mais chega domingo!]

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Inevitabilidade do destino

Costuma dizer-se que o destino é coisa que não se pode mudar, está escrito algures quando nascemos e ninguém consegue alterar a ordem natural estabelecida pelo Universo para cada um de nós. É uma coisa inevitável, tal como parecia ser a inevitabilidade da eliminação da Taça de Portugal, augurada pela derrota por 2 a 0 do FC Porto, na sua própria casa.

Afinal, ontem percebi que há forças maiores que o destino. A vontade, a garra, a força, o desejo, a motivação, o querer, a perseverança, a crença, o ser que faz um campeão. Parabéns (meu) FC Porto!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ser contra tudo e mais alguma coisa...


... daqueles a quem parece que toda a gente lhes deve e ninguém lhes paga, deve ser, com certeza, o novo preto e ainda ninguém me tinha dito nada. Estou demodé!

quinta-feira, 31 de março de 2011

À amizade!

O mesmo bar, as mesmas pessoas, algum tempo de intervalo entre aquele momento e o último que podíamos contar. Contámos as novidades, o que fizemos, o que queremos fazer, falamos de tudo e mais alguma coisa, surpreendemos e fomos surpreendidos. E, embora o tempo que não estamos juntos, os meses de ausência, as semanas sem contacto, os dias sem lembrança, sabemos sempre que cada um de nós estará sempre no mesmo sítio, à sua maneira, com o mesmo sentimento, com a mesma amizade, ostracizando apenas o medo de um dia querer voltar e não haver braços que nos recebam.

Mas nos sabemos que podem passar dias e dias, meses e meses, talvez anos e anos que a nossa amizade partilhada, o carinho gerado e a relação tão arduamente construída, entre felicidades, sorrisos, alegrias mas também choros, zangas e birras, não se perderão. E, com a certeza do mundo reunida nestas palavras, sei que será para sempre, porque amizade assim só poderá ser para sempre.


segunda-feira, 28 de março de 2011

Deixar crescer

Na semana que termina Setembro, ano após ano, o ritual repete-se. Eles chegam, são jovens e agora conseguiram o que, com maior ou menor esforço, todos ambicionavam, o ensino superior. Muitos chegam de longe, com malas cheias de pertences e com os corações carregados de saudades. Para trás, deixaram uma terra pequena, a família e os amigos com quem cresceram até ali. Mas chegam no primeiro dia daquela nova vida, cheios de uma coragem que mascara o medo e a ansiedade. 

Entram com passos pequenos, tímidos. Ainda não percebem que ali passarão os melhores anos da sua vida. Em conversas envergonhadas, percebem que não são os únicos que se sentem perdidos num mundo novo, há mais alguém assim e formam-se alianças. De soslaio, chamam nomes aos mais velhos, que já por lá andavam e a quem agora chamam de doutores. Mas o tempo passa e um ano ganha a dimensão de um dia se vivido intensamente. Tal como quatro passam a voar.

No fim, percebo que me afeiçoei, mais do que esperava àqueles pequenos que vi entrar há quatro anos atrás pelos portões da que foi, é e sempre será a minha segunda casa. Penosamente, eles choram. Talvez se apercebam do mesmo, que o tempo é escasso e o deles também chegou ao fim. A mim, resta-me limpar-lhes as lágrimas, tranquilizar-lhes a alma e esconder a lagrimita que teima em cair como se eu fosse àquela mãe que quatro anos antes também os viu partir.

sábado, 26 de março de 2011

Oh madrinha...


...escusas de me perguntar o que eu quero na Páscoa! 
Oh Deus, morri e fui para o céu!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Dinheiro, eis a questão!

Na terça-feira, fui a uma entrevista de trabalho, numa empresa que me tinha ligado de véspera. Esteja cá às nove e meia, disseram-me eles. Foram pontuais e, em menos de dez minutos, sai dali com a perspectiva real de um emprego de sonho numa filial da empresa de publicidade e marketing portuguesa mais conceituada. 

Parecia-me surreal. Bom ambiente, vencimento de sonho (um mínimo de 1210€ por mês), um cargo de gestão de pessoas, uma empresa de gente nova e oportunidade de progressão na carreira. Dada a minha falta de experiência (e conhecimento na área, admito), combinámos que quarta-feira iria passar um dia à empresa para ver se era bom para mim ou não aquele tipo de trabalho. O meu trabalho consistiria em deslocar-me a pequenas e médias empresas, lares, centros sociais e outros locais de aglomeração de pessoas e apresentar produtos das marcas com que a empresa trabalhava, sendo precedida por três comerciais, pertencentes à minha equipa, que iriam posteriormente vender os produtos. 

O primeiro dia foi de observação. Confesso que odiei, o dia nunca mais acabava, eu já rezava às alminhas para porem fim àquele tormento e maldizia-me por ter respondido àquele anúncio. Eram quase 21h quando, sentada no escritório do gerente, este se desfez em elogios  à minha pessoa e me propôs observação até hoje. Se continuasse interessada, assinávamos contrato. Pensei dizer que não estava interessada, mas depois pensei no vencimento e recuei. 

Ontem, mais um tormento. Ao longo do dia fui percebendo que afinal o tal ordenado não era bem assim. Por cada venda que os comerciais realizassem eu ganhava 11€, sendo que em média costumam ser realizadas cinco por dia. O horário era ainda mais extenso do que o planeado. O transporte para as instituições tinha de ser assegurado por mim e subsídio de refeições não existia. Mesmo assim, mentalizei-me que era um emprego e que tinha de aproveitar a oportunidade, comer e engolir.

Mas hoje de manhã foi a gota de água. Mandaram-me para um centro de dia para idosos em Baguim do Monte promover um massajador de pés. Lá fui, ainda que um pouco confusa com a situação. Fiz o que me competia e, no final, como tinha tempo, fiquei um pouco na conversa com uma idosa do centro de dia, muito simpática. É então que vejo um vendedor impingir a um idoso um dos massajadores, que custava 70€. O idoso dizia-lhe que não podia comprar, que era aquele o dinheiro que tinha até ao final do mês mas o vendedor, hábil na sua manipulação para vender, embrulhou o pobre homem em tamanho enleio que o senhor acabou dar os seus últimos 70€ do mês em troca de uma coisa que, provavelmente, nunca iria usar.

Aquilo enojou-me profundamente, deu-me asco. Mostrou-me o quão vil consegue ser o humano para conseguir os seus intentos. Fiquei tão incomodada que quase de imediato, apenas pelo respeito que mantenho por todos, meti-me no meu carro, encaminhei-me para a empresa, interrompi uma chamada telefónica do gerente e disse-lhe, educamente, que não sou feita para vender banha da cobra a ninguém, que o dinheiro não é tudo. Não tão educadamente, fui chamada de idiota por desperdiçar a oportunidade de ganhar muito dinheiro. Perdi então um pouco as estribeiras e mandei-o meter o dinheiro num sítio que cá sabemos, porque os meus princípios, esses não há dinheiro que os possa comprar! 

[oficialmente de volta à procura de emprego]

Kleben Sie Ihre Nase*

[foto tirada no protesto da Manifestação Geração à Rasca, de 12 de Março]

A Sra. Dona Angela Merkel falou hoje ontem publicamente sobre o Parlamento Português, lamentando que estes tivessem feito o que era de sua competência e se tivessem pronunciado negativamente sobre as medidas de um governo minoritário. Ora, Senhorita Merkel acabou de pisar uma linha ténue ao criticar o parlamento português, metendo o bedelho onde não é chamada* [pois, caros socialistas isto não foi um elogio ao nosso primeiro-ministro demissionário, fica-lhe bem esta expressão].

A chanceler alemã tem todo o direito de criticar o governo português por faltar aos seus compromissos, depois de apresentado o plano falhado no Conselho Europeu. Tem o direito de criticar o lamaçal em que Portugal vive no momento, tem o direito de se preocupar com a sua Alemanha e de liderar o seu parlamento. Mas em Portugal a senhora não ganhou eleições. Nenhum português votou nela. Mas todos os nossos políticos já se vergaram à sua influência, porque enquanto uns se gladiam com a situação vendo-a como palavras de apoio, os outros amedrontam-se, sem coragem para lhe dizer que "em Portugal mandam os portugueses".

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Sócrates salvou-me o dia!

Depois de um dos piores dias da minha vida no que diz respeito à área profissional, cheguei a casa de lágrimas nos olhos, desiludida, triste, desmotivada, a sentir-me enganada, burlada quase. Quando o meu pai me vê entrar naqueles prantos em casa, diz-me prontamente: "Alegra-te filha, o Sócrates está a demitir-se neste momento".

No fundo, o Sócrates salvou-me o dia!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Hoje é um dia complicado.


Hoje é um dia complicado pela dualidade de sentimentos que gera. Por um lado, estou verdadeiramente triste, como poucas vezes me senti na vida. Por outro lado, sinto-me bem, como que quase feliz. 

Hoje mais três amigos, daquela gente que faz parte da minha gente, de quem sofro as angústias como se as sentisse no meu peito e rejubilo com as conquistas como se fossem minhas, apanharam um avião que os levaria para começar uma nova vida num outro país. A próxima vez que os verei, não sei, poderão passar-se meses ou anos, não sei. E isso entristece-me profundamente.
Acredito porém, porque só assim poderia ser, que a amizade conseguirá sobreviver sem a presença, sem o toque, sem a palavra. Aguardo as suas novidades ansiosamente, espero que me contem que estão bem, que a adaptação foi boa, que estão felizes e que conseguiram tudo aquilo que ambicionavam no momento em que partiram. Que me contem coisas que me encham o coração de felicidade por eles. E por isso não me posso permitir ficar triste quando sei que eles foram à procura do seu sonho, um acto de humildade, coragem, na expectativa de começar outra vez que eu não consigo alimentar. Fico feliz por eles.

Em menos de quatro meses, foram seis as minhas ausências. O Pedro e a Carla. Depois, a Natália, corajosa. Agora, a Daniela, o Ricardo e a Raquel. As saudades matam-se aos solavancos, momentos espalhados no tempo e quase sustenho a respiração de tão ansiosa que estou pela próxima terça-feira para rever os dois primeiros. E conto ansiosamente os dias em que verei novamente os restantes.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pimenta na língua

Começou quando surgiu um diploma de licenciatura assinado num domingo, de um aluno a aguardar quatro notas que, coincidência das coincidências, foram lançadas igualmente no mesmo domingo, assim enquanto o padre rezava a missa e se via o futebol. Depois, ficou mais criativo e disse que fazia trabalhos pro bono quando aparecem registos de deduções no fisco. E como uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, o país acreditou.

Seguiu-se uma campanha eleitoral, onde prometeu mundos e fundos. Das suas promessas eleitorais, disse criar 150 mil postos de trabalho (serão tantos os números de tachos dos militantes socialistas?), criar empresas, aumentar os funcionários públicos acima da inflação. Criticou veemente a introdução de portagens nas SCUTS e prometeu que, em quatro anos, iria acabar com a pobreza. Inocentemente, foi eleito.

No poleiro, as mentiras aumentaram em proporção com os seus enganos e as suas gafes. Apontou a falha na avaliação dos professores, esquecendo porventura o facto de que foi ele a acabar com as que permitiam progressão na carreira. Apanhado a fumar num avião, após aprovar uma lei que proibia o fumo em espaços fechados, desculpou-se dizendo não estar ao corrente da lei. Enalteceu que o Magalhães era um produto made in Portugal e iniciou uma distribuição pelas escolas, em que os computadores eram ofertados e recolhidos após a fotografia (a minha avó costuma dizer que quem dá e tira ao inferno vai parar). Mentiu, desmentiu, mentiu, desmentiu sobre as SCUTS e depois envio um lacaio para fazer o seu trabalho sujo, anunciá-las. Dos aumentos prometidos para a função pública, inverteu-lhes o sentido e o resultado foram cortes muito penalizadores para os trabalhadores. Em altura de Festas, apresentou-se como o Pai Natal de Portugal e disse que a prenda este ano seria o preço mais baixo dos combustíveis, tudo responsabilidade da sua capacidade de negociação, facto que "Cometa" Silva Perereira e "Rudolfo" Teixeira dos Santos se apressaram a confirmar. E provavelmente há mais situações que a minha memória, finita em capacidade, não consegue suster.

Talvez na campanha eleitoral que se avizinha tão provável como o FMI, à qual já prometeu recandidatar-se, diga que foi ele que inventou a roda, que geriu o fim da Guerra do Iraque e que está a ser realizado um inquérito para avaliar se foi ele quem criou o Universo ou não.

Hoje, mais uma no role imenso: depois de anunciar em Fevereiro a descida do preço dos medicamentos em Abril, vem dizer que afinal já não vai baixar o preço dos medicamentos, acrescentando ainda a Ministra Ana Jorge, com um descaramento político daqueles que já não se viam desde a ditadura, que se os portugueses estão numa situação insustentável, então mais um roubo também não irá fazer diferença nenhuma.


O Sócrates tem sido um menino muito mal-comportado, sem dúvida. Com tanta mentira, se o Sócrates morasse cá em casa, aposto que a minha mãe já lhe tinha posto pimenta na língua.

Da agressão

Portugal, apesar de às vezes parecer uma autêntica república das bananas, ainda é um estado de direito. Ora, num estado de direito, um individuo ou uma instituição têm o direito a ver preservada a sua imagem, a sua reputação e a sua dignidade. Para manter essa legalidade, existem crimes como difamação, punível por lei em Portugal. Desculpando-me por ser leiga no assunto, creio que o crime de difamação consiste na ofensa à honra de alguém através da atribuição de um facto a alguma pessoa, sob a forma de suspeita ou de um juízo.

O vice-presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, veio queixar-se que foi agredido quando saía do Restaurante Shis no Porto, onde curiosamente o treinador do Porto jantava. A isso, juntou as insinuações de que o André Villas-Boas poderia ter contactado alguns membros dos SuperDragões para lhe limparem o sebo. Numa situação normal, sendo alguém agredido à saída de um restaurante por gente que até consegue identificar, o passo seguinte seria apresentar-se na polícia e, posteriormente, numa instituição hospitalar para documentação de agressão física e então apresentar queixa contra os agressores. Nada disso se verificou nesta situação.

Porque se calhar até nem dá jeito que seja investigado o que não se passou. Porque se calhar é mais do mesmo, um apontar de dedo sem que nunca se verifique consequências para nenhum dos lados mas gerador de um entretenimento suficiente que permita afastar as atenções dos resultados vergonhosos do Benfica na Liga Portuguesa.  E porque no meu país difamação é crime, se fosse comigo já estavam a levar com um belo de um processo judicial em cima!


Cartoon por HenriCartoon, daqui

Ninguém diria, a sério...

(clicar na imagem para visualizar em melhor qualidade)

O monólogo do PM

Sentei-me à frente da televisão, afinal a minha mãe disse-me que o Primeiro-Mentiroso ia falar outra vez ao País. Vá de ouvir o que o Sr. Sócrates tem a dizer, já que ontem o troquei a meio pelo jogo do FC Porto. A verdade é que não perdi nada e o grilo, hoje, volto a repetir o que ouvi ontem em meia entrevista.

A saber-se: o PSD não quer brincar mais com ele; graças a deus que os jovens não lhe botaram fogo à casa nem lhe furaram os pneus do carro no sábado; ele é o melhor primeiro-ministro que portugal já teve, veja-se o défice; o Sócrates foi convidado para ser de um partido da oposição na Irlanda (ai que o teu mal faz-me tão bem...); este quarto PEC é mesmo o último, escrito para já; depois dele, é o inferno em cuecas; ele demite-se no dia da votação do PEC IV, porque não é "agarrado ao poder?"; vamos ter de levar com ele em mais uma campanha eleitoral.

Cartoon por HenriCartoon, daqui

terça-feira, 15 de março de 2011

Venha o diabo e escolha

No domingo, estávamos todos à mesa, em mais um almoço de família, quando alguém reparou que o mais novo estava a esconder os legumes debaixo do prato para evitar comê-los. O ralhete veio rápido e eficaz, como costume. E o pequeno, usando as suas já elaboradas estratégias de chantagem, disse algo como "Tu é que sabes, posso comer a carne e a sobremesa todo satisfeito ou vomitar se me obrigares a comer os bróculos", traduzido para linguagem de um miúdo de quatro anos.

Ontem o nosso Primeiro Ministro, o Sr. Sócrates fez o mesmo. "Ou eu ou o FMI", acompanhado por um discurso patriótico, cheio de emoção, um ensaio para a campanha junto do povo sendo isso tão útil como distribuir canetas do PS no Mercado do Bolhão. Fazer essa afirmação é obrigar os portugueses a escolher entre sobreviver com um camelo e viver na merda, esperando uma saída airosa com o PS a perder com mais votos.

Cá por mim, já aprendi a lição: a merda ainda pode ser estrume, mas um camelo nunca se tornará água.

Geração à rasca




Chego tarde e a más horas com o comentário à manifestação da geração à rasca de dia 12. Tal e qual como esta manifestação chegou, tarde. Eu fui à manifestação de sábado, acompanhada da minha mãe e alguns amigos que ou estão na mesma situação que eu ou se preparam para emigrar. Fui, sou a favor dela e gostei de lá ter estado.
O que se passou no sábado foi resposta suficiente a todos os que no pré-manifestação nos criticavam porque  contra factos não há argumentos e 300 000 pessoas não podem ser um bando de rascas que decidiu fazer os santos em Março. Convenceu a todos, menos aos idiotas. Porque um idiota será sempre um idiota. E certos comentadores serão sempre idiotas. Porque são incapazes de ver que o que se passou foi um basta, foi um desabafo colectivo de 300 000 portugueses que saíram à rua e disseram bem alto 'foda-se a merda que nos governa, chega!', ainda que lhes faltassem soluções para o problema. Mas arrogo-me a dizer que nem as têm de ter, afinal não é ao povo que pagam para ser políticos. Competência, ora aqui está a solução.

Eu nunca fui boa aluna a matemática.

O que sei sobre golfe é muito pouco. Geralmente, associo-lhe a imagem de um empresário rico que bate umas bolas pela janela do escritório enquanto despede meia dúzia de funcionários ou um grupo de políticos reformados que se encontram em amenas cavaqueiras nos campos de golfe. Estereótipos não são mito e, face às medidas anunciadas pelo Governo, fui procurar!

Então vejamos: cerca de 1 milhão de viagens são realizadas todos os anos para jogar golfe. Nessas viagens, o gasto médio de cada pessoa que pratica golfe é de 260€ diários, sendo que pode variar entre 100 a 600€, tendo em conta a categoria do campo de golfe e o grau de sofisticação dos serviços. Quem costuma realizar estas viagens são maioritariamente homens com mais de 40 anos, de nível socio-económico alto. Utilizam avião para chegar ao destino e lá usam carros alugados. Dormem em hotéis de 4 e 5 estrelas. Repetem esta actividade entre uma a três vezes ao ano. As empresas que gerem os campos de golfe em Portugal geram por ano cerca de 350 milhões de euros, tendo uma taxa de crescimento de 16% ano. 
Todas estas informações foram retiradas daqui
Agora, o Governo decidiu que o IVA desta actividade iria ser 6%.

Em Portugal, no ano corrente, produtos como o leite, os sumos, os alimentos de conserva, as geleias, o peixe e a fruta não transformados têm IVA de 23%. Sr. Ministro Teixeira dos Santos, explique-me lá isto como se eu fosse muito burra. É que sabe, eu nunca fui muito boa aluna a matemática. E segundo parece o Sr. Ministro também não.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Das mulheres do XXI i


Qualquer conversa mais do que circunstancial entre a minha avó, a minha mãe e as minhas tias, ronda inevitavelmente os cozinhados, as lides domésticas e se a roupa está seca ou encharcada na bacia. E é com orgulho que apresentam a sobremesa favorita no almoço de domingo, que se gabam da roupa estar seca, passada a ferro e já arrumada no armário. Ou que lamentam o tempo, que molha e suja tudo. 

A mim, espécime único do género feminino na minha geração familiar, fica-me bem dizer que não sei cozinhar, que os botões da máquina de lavar são indecifrável e que economia doméstica é coisa disso mesmo, doméstica . Porque eu, no auge da minha juventude do século XXI, que visto Lanvin (ainda que comprado na H&M), que calço Loubotin que ai-jesus-nossa-senhora-não-podem-custar-menos-de-trezentos-euros, que leio livros (livros, a sério?) no Ipad e só comunico através do Iphone, sou uma mulher moderna, profissional e super actual, que debita marcas de luxo e, das duas uma, ou idolatro ou odeio a Margarida Rebelo Pinto.

Mas eu, de feitio difícil e gostando tanto de contrariar, digo que essas mulher modernas e actuais não passam de umas saloias que, com um orgulho idiota, assumem uma grande incapacidade. A minha avózinha pode não saber quem é o José Luís Peixoto, porque é que existem os óscares ou o que significa bimby mas em casa dela não é preciso ligar o Iphone e ligar ao take-away e não se gastam balúrdios em contas de lavandaria. À parte disto tudo, ainda brinca com o neto mais novo, ralha com o do meio e gosta de conversar com a única menina, faz renda como ninguém e passeia que se farta com o avô.

Ah, esqueci-me. Ela alimenta-se, veste-se e limpa-se. E tudo isto sozinha.

Tristeza e escrita não rimam

Mais uma chapada. Mais um não. Mais um obrigado, mas não é o que precisamos no momento. Mais um, numa enxurrada de nãos tão desmotivadores. Do inconformismo que vivo, não sei que mais fazer sem que tenha de abdicar de mim, da minha integridade, da minha moral porque os meus sonhos e as minhas ambições já estão bem arrumadinhos, embrulhados numa fita dourada, à espera de um dia mais solarengo, talvez um dia. São tantas as portas que se fecham à minha frente que começo a duvidar se haverá futuro, para mim, para nós. Para a semana, há mais uma tentativa, quase vazia de esperanças. Ai, estou cansada. Mas, felizmente, não me faltam braços onde descansar antes de mais uma batalha.

[não gosto nada de escrever quando estou triste, em nome de alguma qualidade literária. mas sabe bem à alma, e por isso escrevo]

quarta-feira, 9 de março de 2011

Não é por mim.

No fundo, no fundo, eu ainda não acredito que li aquilo, que presenciei aquela escolha. Talvez seja por ainda querer acreditar que, apesar da malvadez, do calculismo, do ego, ainda havia amizade. E está-me preso na garganta e no coração, porque daqui a dois dias serei eu que terei de contar-lhes a escolha que outro alguém fez. E sabes, não é por mim, é por eles...

Puta que te pariu, como é que foste capaz?

sábado, 5 de março de 2011

The show must go on!

E se a vida correr de feição, se alguém me quiser para trabalhar e se as notas, as dos dois tipos, chegarem, em Setembro, oh Deus nunca pensei dizer isto, volto aos bancos da universidade!
(again and again)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Admito.

Nunca serei boa o suficiente. Se sou boa, haverá sempre alguém a achar que sou má. Se faço bem, alguém me apontará o dedo e dirá que fiz mal. Se sou carinhosa, alguém me apelidará de bruta. Se dou, certamente pensarão que tirarei a seguir. Se digo que gosto, com certeza queria dizer que odeio. Se dou a mão, alguém achará que vou empurrar a seguir. Não interessa portanto. Seja eu quem for, os outros verão sempre aquilo que quiserem ver. Por isso... oh que se foda!

A vida é uma coisa cíclica ou Identifico-me

"Eles comem tudo / Eles comem tudo / Eles comem tudo e não deixam nada"
José Afonso (1963)

"Pergunto ao vento que passa / Notícias do meu país / 
O vento cala a desgraça / E o vento nada me diz"
Adriano Correia de Oliveira / Manuel Alegre (1967)

"Continuamente vemos novidades / Diferentes em tudo da esperança
Do mal ficam as mágoas na lembrança / E do bem, se algum houve, as saudades"
Luís Vaz de Camões / José Mário Branco 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Gente que é parva


A nova música dos Deolinda, chamada de Parva que Sou, gerou um burburinho social como há muito não se via. Os recém-licenciados, os desempregados, os que almejam por um futuro melhor, vêm nela um hino geracional, como se Zeca Afonso ou José Mário Branco tivessem ressurgido sob a voz de Ana Bacalhau (andam eles às voltas no túmulo perante tal comparação!). Os outros, nascidos em berço d'ouro e de vidinha confortável, como o Sr. Ministro Mariano Gago ou a ex-Ministra Lurdes Rodrigues, acham isto tudo uma palermice, um comunismo pegado, um caminho errado para desviar dos estudos os que defendem esta 'geração parva'. E depois, ainda existem estas andorinhas como a acima referida, que na edição de 18 de Fevereiro deste ano do Jornal Destak, escreve a pérola que se pode ler, alguém que nasceu em berço de ouro, empreendeu relações sociais bem sucedidas e escreve meia dúzia de barbaridades numa coluna social.

Ora todos sabemos que há um enorme buraco entre a procura e a oferta de empregos qualificado. Que as empresas se aproveitam dessa abundância para fazer proliferar os empregos temporários ou os estágios gratuitos. Mas... geração parva? Parvos porque nos esforçamos para estudar mais, para obter mais competências, porque nos valorizámos? Parvos porque aproveitaram as oportunidades dadas pelos pais para obter uma licenciatura? Parvos porque, em vez de andarmos a trabalhar nas obras (sem desprimor para quem o faz), andámos a estudar para podermos ser melhores, para podermos ambicionar um futuro risonho? Parvos é que não somos. Porque por muito que nos custe ver a nossa vida adiada, que sintamos as nossas capacidades desprezadas e desvalorizadas, ainda podemos acreditar que um dia podemos vir a colher os frutos do nosso trabalho. Não somos nós os parvos por termos estudado e ambicionarmos um emprego compatível. Parva é a gente que, por ter tido o ovo no cú da galinha, se acha no direito de criticar aqueles que procuram apenas o retorno do investimento que fizeram.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

De pôr os cabelos em pé I


Quando as pessoas namoram uma com a outra, é natural que essa relação se estenda até aos amigos da parelha. Se me faço entender, é normal que as pessoas que eram amigos de um dos elementos do casal comecem a estabelecer ligações de amizade com a pessoa recém-entrada no círculo de amizades, via cama-do-amigo-X. Até aqui, tudo bem, tudo normal. E as pessoas tornam-se todas amigas, num grande grupo feliz.

A porca torce o rabo quando aquele casalinho, que era só amor, beijinhos e mimos, decide acabar tragicamente a relação. Em bom português, quando um decide que está mais do que na altura do outro levar um belo par de patins. Pronto, caldo entornado e começa o típico 'zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades'. E lá vai acusação para um lado, silêncio para o outro, choro daqui e ódio dali. 

E porque já não tenho idade nem pachorra nem vontade para andar com estas merdas nos ouvidos não admito (nunca, nunca mais) que me coloquem no constrangimento de ouvir falar mal de uma pessoa que gosto. Arre, a la pute que vos pariu!


Sem compromissos.

O filme No Strings Attached ou Sexo sem Compromissos estreou dia 10 de Fevereiro e hoje ainda olhei duas vezes para ele em cartaz antes de comprar - tão acertadamente! - o bilhete para O Discurso do Rei. Sei que a história é sobre dois amigos que se divertem numa amizade colorida e depois, dêem vivas à originalidade - se apaixonam. E depois?

Depois conversa-se. As mais devassas deverão certamente rever-se na personagem feminina, os garanhões farão comparações positivas entre si próprios e o Ashton Kutcher, as vantagens são inúmeras:  fazem bem elas, é tão bom o sexo sem compromisso, um relacionamento é um cabo dos trabalhos, tens o prazer do sexo sem os aborrecimentos de uma namorada, porquê estar sempre com a mesma pessoa se podes estar com essa e com outra?

Mas são esses mesmos que acordam sozinhos todos os dias, mesmo que acompanhados por uma cara que não conhecem o nome nem os sentidos. São esses mesmos que, saltitando despreocupadamente de cama em cama, não conhecem como é bom a certeza de um sentimento, a segurança de um companheiro ou a partilha de um amor. São esses mesmos que, no final da sua vida, olharão para trás e terão prazer em vez de felicidade. Eu cá prefiro a felicidade.

Ah, pois... somos tão bons na teoria!

Emigrar.

E pronto, hoje mais uma amiga se foi. E mais alguns estão de partida, para fazerem a sua vida longe de Portugal. Todos licenciados, pois com certeza. E é nestas ocasiões que me pergunto... mas que raio estou eu a fazer ainda aqui?!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tarde demais

Quando penso no que somos agora, invade-me um sentimento que me é difícil reconhecer, tão poucas foram as vezes que o senti. Não é ressentimento, não é mágoa, não é melancolia. Poderá ser pena por sermos assim agora quando antes fomos tão diferentes, esse meu monstro papão que me enfurece num minuto enquanto no outro me entristece até às lágrimas. Para meu bem, dura apenas esse dois minutos, porque depois sorrio, tranquila, porque sei que foi bom enquanto durou mas nada se pode aproveitar do que ainda sobrou.

O que somos agora é apenas a sombra ténue e cada vez mais desvanecida do que já fomos. É como se o sol se pusesse devagar e a escuridão, cada vez mais negra e cerrada, se concentrasse, até um dia em que não conseguimos ver quem está ao nosso lado. E isso é uma pena.

Porque a vida já me ensinou que quando a luz volta a deixar ver tudo aquilo que o negro ocultou é quase sempre tarde demais.

Lembram-se...

do fim do mundo anunciado aqui?

Preparem-se... o fim do mundo chegará mais cedo que o anteriormente previsto. Afinal é a 6 de Julho de 2011. Afinal, eles vêm cá?

[Algum patrocínio para eu poder ir ver os Coldplay ao Alive deste ano? Sem ser o mesmo paitrocínio de sempre, de preferência]

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Do partilhar

Este blogue não adoPta o acordo ortográfico.

Pelo menos, não o adopta até não conseguir remar mais contra a maré.

E não se trata de defender os interesses nacionais até ao fim ou de princípios bolorentos de intelectualismo, até porque aqui não sou nem nacionalista nem sequer intelectual. Sou apenas uma cabeça pensante que não gosta de viver de aparências. Porque este acordo chega assente na bandeira da união, da uniformização, de criar uma só língua portuguesa, escondendo a flexibilidade natural da oralidade de cada língua. 

Mate-se então os regionalismos, a pronúncia do Norte, o Mirandês, o sotaque açoriano.

A língua portuguesa, com todas as suas variações que a tornam tão nossa, é a identidade do nosso país e arrancar-nos isso apenas em nome de uma esquizofrénica simplificação é apagar a nossa História, negar as nossas origens. E para aqueles que querem estar no mundo, digo que o inglês também se reconhece em variadas grafias e não foi à conta disso que correram a fazer acordos ortográficos.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

2011, so far...

[ao dia 6, ainda não provei o sabor a cigarro]
Instalou-se o desencanto. Sê bem-vinda realidade. Afinal, como li algures, há muitas coisas que podem abrir portas e encantar corações mas o carácter, essa coisa que define cada um de nós, esse sim é o que mantem as portas abertas. And you sir, are full of shit.