quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Há canções e há momentos


Por muito que o coração diga...


"Não faças o que ele diz". André Villas Boas, ainda não estás perdoado!

Aleluia!

(imagem de Porto em Azul e Branco, de Hélder Pacheco)

Dúvida? Não. Mas luz, realidade
e o sonho que, na luta, amadurece.
- O de tornar maior esta cidade.
Eis o desejo que traduz a prece.

Só quem não sente o ardor da juventude
poderá vê-la de olhos descuidados.
Porto - palavra exacta. Nunca ilude.
Renasce, nela, a ala dos namorados!

Deram tudo por nós estes atletas.
Seu trajo tem a cor das próprias veias
e a brancura das asas dos poetas...
Ó fé de que andam nossas almas cheias!

Não há derrotas quando é firme o passo.
Ninguém fale em perder! Ninguém recua...
E a mocidade invicta em cada abraço
a si mais nos estreita. A pátria é sua.

E, de hora a hora, cresce o baluarte!
Lembro a torre dos Clérigos, às vezes...
Um anjo dá sinal quando ele parte...
São sempre heróis! São sempre portugueses!

E, azul e branca, essa bandeira avança...
Azul, branca, indomável, imortal.
Como não pôr no Porto uma esperança
se "daqui houve nome Portugal"?

Pedro Homem de Mello

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Liberdade

Há mais de quarenta anos, para ser precisa há quarenta e dois anos, Portugal vivia mergulhado num regime fascista. A insatisfação era geral e, inspirados por ventos franceses, a academia, os seus docentes e os seus alunos começavam a demonstrar alguns desconforto. A falta de liberdade, de valores, a pobreza gritante do país e a podridão de espírito trazida pela guerra nas colónias eram assuntos que ocupavam o pensamento daqueles que usavam capa e batina.
Até que em Abril de 69, Alberto Martins, presidente da Associação Académica de Coimbra pede a palavra ao presidente Américo Tomás: "Posso usar da palavra?", pedido que lhe foi negado, tendo sido preso no dia seguinte. Acendeu-se assim o rastilho de uma das maiores manifestações de indignação e de repressão, que apenas serviram para reforçar a unidade estudantil.

Quarenta anos passaram e tanto mudou. Por aqueles que lutaram na altura, agora temos direito à palavra, à indignação, ao conhecimento e à liberdade. Tomámos como nossos os seus hinos, até sabemos entoá-los. Temos orgulho em ser a geração com  mais conhecimentos, com mais formação.Na realidade, seremos a primeira geração a viver pior do que os pais, a geração dos quinhentos euros, da precariedade, da emigração e do futuro adiado. 

Mas em nós falta a coragem para lutar. Falta a coragem para de capa e batina pormos em causa a vida confortável que ainda levamos e sairmos do marasmo em que vivemos, eternamente ludibriados pelo ideal capitalista, que tudo promete e nada dá. Passados quarenta anos, é altura de lutarmos com as mesmas armas, com orgulho no nosso passado e fazendo da nossa capa negra um hino de liberdade.