domingo, 29 de março de 2009

Uma vez só.

Toda a gente tem dentro de si um coração faminto, um pouco somente ou de leão. Toda a gente quer um poiso seguro, um lugar onde assentar e que lhes inspire segurança. Todo o mundo precisa de um corpo. Toda a gente precisa de café, cigarros, uns trocados e amor. Toda a gente precisa de uma taxa de risco, de um teor alcóolico, de um pouco de poeta e de louco. Toda a gente quer a nudez. Toda a gente quer a sua vez.

Eu quero fumo, beijos, outra vez com ele. E talvez saber o seu nome. Porque a vida é isso, uma vez só.

Aproximam-se tempos de mudança, mas...

enquanto houver vento e mar, a gente vai continuar!

domingo, 22 de março de 2009

Faz.

Toca-me. Beija-me. Olha-me. Sorri-me. Encontra-me. Dá-te. Procura-me. Anseia-me. Permanece. Segura-me. Abraça-me. Faz-me. Acaricia-me. Diz-me. Têm-me. Está. Encanta-me. Perde-me contigo. Deseja-me. Brinca. Mima-me. Une-te. Sê.

Faz tudo isto hoje. Quer-me hoje, agora. Não me queiras amanhã. Porque amanhã o tempo pode já não ser nosso.

Passam-se horas.

Passam horas. As minhas mãos ocupam-se, as tarefas chamam-me de forma cada vez mais insistente. Passam horas, momentos, ocasiões, o tempo esvais-se em fumo. Só tu não passas. Como se te tivesses tornado eterno na minha vida. Às vezes penso-te tão próprio que não sei como poderia dissociar a minha vida da tua, outras vezes é o meu desejo mais ardente.
Contudo, sei que não correrias atrás de mim se algum dia decidisse voltar-te as costas. Sei também que me arrependeria se fosse embora agora. Sei de tudo o que perderia se forçasse a tua saída da minha vida. Sei que não voltaria a ver os teus olhos cor de avelã nem sentiria a mais sincera gargalhada da tua boa disposição. Mas, porventura, também não sei porque continuo a amar-te se não me amas.

Da cidade do meu coração.


Há locais nesta cidade que, pelos momentos que presenciaram, às vezes no escuro da noite, outras vezes às claras de um dia, terão sempre um local especial no cantinho das recordações. Esta cidade tem um encanto especial, uma mística especial, um luz diferente de todas as outras e um rio tortuoso que a acompanha, embelezando-a só a si. Tem também pessoas carinhosas, hospitaleiras, a quem é mais importante bem dar do que receber. É a cidade dos meus encantos, na qual me perco em noites cada vez mais belas.

sábado, 14 de março de 2009

Hoje.

É, sem dúvida, um dos dias mais histéricos (e felizes) da minha vida.
Obrigada. Não te vou desiludir.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Eu, fumadora, me confesso.

O cigarro chegou tarde e de mansinho. Começou na fase adulta, com todo o conhecimento do que fazia no meu corpo. Começou com um por caso, tornou-se relacionamento sério. Hoje não fumar é como viver sem respirar. Fumar é uma pequena cerimónia que marca sempre um princípio: do dia, do trabalho, do intervalo, do alívio, do prazer, do almoço, do jantar. O cigarro divide-me, consola-me e encoraja-me.

O cigarro também é companhia. Sobretudo para quem está sozinho. É um amigo fiel, é um momento de abstracção que torna tudo tolerável. Mas, principalmente, fumar serve para pensar. Quando me perco num argumento, pego num cigarro e penso. Não me levanto, não me agito, não abro a boca, não me distraio. Fumo e procuro com paciência a asneira. O cigarro concentra e acalma. Restabelece, por assim dizer, a normalidade.

Por detrás de um cigarro, o mundo parece mais seguro. Mesmo se andam por aí a garantir que não.

domingo, 1 de março de 2009

Não deixe de fumar.

Não, não é uma ironia. Nem sequer uma piada maldosa. Não é tampouco uma manifestação de repúdio aos fumadores ou um incentivo a retirar anos de vida. Até porque esses argumentos fazem parte do discurso daqueles melgas que querem que os outros parem de fumar - o que não é o meu caso. E, novamente, não é uma ironia.

Nesta guerra do tabaco, o que ressalta dos dois lados é um tom de imperativismo: de um lado, os chatos que pregam o clássico "deixe de fumar" e do outro os donos das empresas tabágicas que apregoam o tambén seu "fumar é legal". E eu, como qualquer vulgo humano, também sou acometida por ímpetos totalitaristas mas que não costumam passar de cepa torta. Pode não parecer, mas eu sou mais ou menos boa pessoa.

E, apesar de soar como uma ordem, o título não-ironico deste texto deverá ser entendido mais como um conselho amigável do que como um terceiro imperativo. No entanto, no meu totalitarismo, este post deve ser entendido como um belo e sonoro "fodam-se". Os chatos, claro. Porque me incomoda essa preocupação excessiva dos outros com a saúde alheia: se fumo, se bebo, se uso drogas, se passo o dia sentada, se como porcarias ou se leio livros de auto-ajuda. Isso é problema meu!

O que eu quero dizer é que a exaltação ao bem-estar e a busca desesperada por qualidade de vida deve ser voluntária e pessoal, e não motivo de campanhas e histeria colectiva. Deixem-nos fumar, ora bolas! Prazer também é qualidade de vida. E sim, eu sei que há aquele argumento hipocondríaco de que os fumadores passivos morrem injustamente aos poucos. Paciência, todos estamos a morrer injustamente aos poucos, pelo simples facto de vivermos. E o cigarro é apenas um dos ícones do nosso rol de problemas: a não ser que surjam estudos que digam que os fumadores são os principais causadores do aquecimento global.