quarta-feira, 29 de junho de 2011

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É sempre triste quando se perde uma vida, principalmente se ceifada nova, no auge do seu potencial. Gera intranquilidade, o sentimento de que a vida nos pode ser retirada a qualquer momento e que a morte não se compadece com o augurar de um futuro risonho.

Por outro lado, há vidas que merecem a devida homenagem, ainda que na morte. E por isso tenho de falar de Salvador Caetano, doutor da vida e dos negócios, pessoa que deixa saudades em Oliveira do Douro e um pouco por todo o país. Diz quem trabalhou consigo que era um empregador humilde e atento às dificuldades, preocupado. Morreu aos 85 anos, certamente de bem com a vida.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Daquelas coisas que me transtornam

"O Hospital de Sto. António reservou uma sala para amigos e familiar do cantor e actor" JN Online

Infelizmente, por motivos profissionais, já vi muita gente morrer. E em alguns momentos, fiquei sem saber o que dizer quando o familiar autorizado a acompanhar o doente, entre lágrimas e dor, depois de muitos dias ou até semanas a viver no hospital, a dormir num cadeirão, a sobreviver no mais básico das suas necessidades, observado por todos na pouca privacidade de uma enfermaria, me contava da partida eminente do seu ente querido.

Nós, os enfermeiros daquele serviço, oferecíamos o que podíamos dar. Uma garrafa de água, um cadeirão, uma coberta nas noites mais frias, um ombro onde desabafar ou um momento de descanso 'vá descansar que eu fico com o seu familiar' quase sempre negado na ansiedade de que o enfermeiro fosse o único a segurar a mão do seu familiar quando a vida findasse. Nunca, em momento algum, pude oferecer um quarto mais resguardado onde pudesse chorar, aguardar as notícias, tomar decisões tão difíceis na companhia de pessoas significativas para si.

E nesse momento de terrível verdade, nada importa quantas pessoas o conhecem ou quanto dinheiro tem. 
A importância que se dá a uma vida e a um luto deveria ser igual para todos. 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Afugentar abutres no caminho da vitória

Ouvem-se muitos velhos do Restelo auspiciar maus augúrios, derrotas e tragédias para os andrades. Falam com pesar da perda de continuidade, fazendo crer que se preocupam com um futuro pouco risonho para o FC Porto. Dizem que Pinto da Costa foi apanhado na curva e que, desta vez, terá dificuldade em recompor-se. 

Os cães ladram e a caravana azul passa. E os abutres esperam mais uma vez, enraivecidos. Porque o caminho que eles fazem agora, Pinto da Costa já foi e já veio. Várias vezes. Trezentos e dezanove minutos depois, assume um novo nome: Vítor Pereira. Claramente pensado, planeado, oportuno. Um treinador que, antes de Villas-Boas ter sido campeão pelo FC Porto, já o era. Razões de preocupação? Nenhumas!

O FC Porto, na figura do seu presidente, mostrou ser competente e eficaz, seguro numa estrutura de pessoas, valores e princípios devidamente resguardos entre os portistas. E Vítor Pereira é uma dessas pessoas. Dono de um profissionalismo conhecido, capaz e conhecedor de futebol, é igualmente conhecedor dos cantos à casa e tem os ingredientes que, no FC Porto, fazem campeões. E é por isso que Vítor Pereira faz todo o sentido.



[Por isso mesmo sosseguem lá a passareca lampiões e lagartos. Guardem bem a vossa prata da casa, Jesus e Domingos Paciência, que nós cá nos entretemos a ganhar títulos e a vender treinadores por preços que vocês não conseguem vender os vossos jogadores!] 

O prometido é devido


André Villas Boas chegou ao FC Porto como desconhecido para a maioria, conhecido como o adjunto de Mourinho por quem gosta e acompanha o futebol. Chegaram depois notícias que era adepto desde pequeno, que interpelou Robson quando este era treinador do FC Porto e lhe perguntou porque não punha o Domingos a jogar e que foi aí, debaixo da asa de um treinador campeão no FC Porto, que começou os seus voos, na altura rasantes. E digo rasantes, porque voos altos alcançou-os na época de 2010/2011, numa aposta ganha de Pinto da Costa, quando ganhou tudo o que tinha a ganhar no FC Porto, mais concretamente a Supertaça Nacional, o campeonato nacional, a Taça de Portugal e (a grande conquista!) a Liga Europa. Além de tudo isso, o FC Porto que teve como timoneiro André Villas-Boas deu-nos, a todos os portistas, recordações incríveis: os 5 a 0 no Dragão ao rival de Lisboa, a reviravolta na Luz, as goleadas, o campeonato invicto. André Villas-Boas tornou-se um herói na nação portista. Não apenas porque ganhou, mas porque era portista, daqueles de coração. Disse que não queria sair, que este era o seu emprego de sonho e, assim, conquistou um lugar no coração dos portistas, no meu também.

E por isso, foi com enorme incredulidade que vi, na segunda-feira, a notícia que André Villas-Boas poderia ter assinado pelo Chelsea. Primeiro não acreditei, mais um jornaleco de Lisboa a encanzinar a pré-época. Depois ignorei, quando o FC Porto emitiu o primeiro comunicado. Depois, enfureci-me. E a seguir racionalizei. Mas, no fim, desiludi-me profundamente.
Enfureci-me porque não se fazem promessas das quais não se tem intenção de cumprir. Enfureci-me, como sempre o faço quando nos prometem o mundo, embora saibam que não estão dispostos a conquistá-lo connosco. Enfureci-me porque não gosto que me mintam e muito menos suporto as incoerências.
Depois racionalizei. Foi um negócio e tanto, para o FC Porto e para o André Villas-Boas, principalmente quando já não estamos nos tempos das vacas gordas nem no futebol. Quinze milhões são um poderoso encaixe que estarão disponíveis para comprar novos reforços ou para solidificar o plantel já existente, mantendo assim alguns dos jogadores-chave. Para André Villas-Boas, o quíntuplo do que ganhava até agora anualmente. Para o FC Porto, agora é tempo de trabalho, verificar os danos, corrigi-los e iniciar a próxima época.

Mas, no final de tudo, resta-me uma enorme desilusão. Apesar de racionalmente ter de compreender a decisão, o meu coração de portista não pode deixar de se sentir traído, porque um portista não dá o dito por não dito. Um portista não sente uma paixoneta de verão pelo clube, ama-o até ao fim. Para mim, André Villas-Boas era alguém que, como eu, como o meu pai, sofria cada derrota, festejava cada golo, ansiava cada vitória e sentia o FC Porto como o seu clube. Acreditava inocentemente que, como eu ou o meu pai, seria capaz de treinar o FC Porto a custo zero se isso se impusesse. Mais, acreditava no compromisso que tinha anunciado, porque acredito que um Homem não deve faltar à sua palavra. Villas-Boas tinha tudo para sair pela porta grande, como um herói, aclamado por todos, adorado por todos os como ele, portistas. Poderia sair ainda este ano, poderia sair agora ou até depois, desde que não prometesse algo que não tinha a intenção de cumprir. Poderia, tal como eu lhe poderia desejar a melhor das sortes, uma carreira cheia de sucesso e que seja feliz profissionalmente. Mas, pelo coração morre este portista. Pelo menos para mim.

sábado, 11 de junho de 2011

Trabalho e blogue não combinam.

Gostaria de ter dito qualquer coisa aqui sobre os últimos tempos, nomeadamente:
- o FC Porto ter ganho tudo em todas as modalidades que tem;
- a agressividade dos miúdos e a incompetência dos pais;
- da mudança política que aconteceu no país.

Mas, acontece-me agora sair de casa ainda não são oito e meia da manhã e chegar quando já passam das oito e meia da noite. Tudo para dizer que esta vida de moura é difícil e que me valem os feriados para não deixar isto morrer.