segunda-feira, 28 de março de 2011

Deixar crescer

Na semana que termina Setembro, ano após ano, o ritual repete-se. Eles chegam, são jovens e agora conseguiram o que, com maior ou menor esforço, todos ambicionavam, o ensino superior. Muitos chegam de longe, com malas cheias de pertences e com os corações carregados de saudades. Para trás, deixaram uma terra pequena, a família e os amigos com quem cresceram até ali. Mas chegam no primeiro dia daquela nova vida, cheios de uma coragem que mascara o medo e a ansiedade. 

Entram com passos pequenos, tímidos. Ainda não percebem que ali passarão os melhores anos da sua vida. Em conversas envergonhadas, percebem que não são os únicos que se sentem perdidos num mundo novo, há mais alguém assim e formam-se alianças. De soslaio, chamam nomes aos mais velhos, que já por lá andavam e a quem agora chamam de doutores. Mas o tempo passa e um ano ganha a dimensão de um dia se vivido intensamente. Tal como quatro passam a voar.

No fim, percebo que me afeiçoei, mais do que esperava àqueles pequenos que vi entrar há quatro anos atrás pelos portões da que foi, é e sempre será a minha segunda casa. Penosamente, eles choram. Talvez se apercebam do mesmo, que o tempo é escasso e o deles também chegou ao fim. A mim, resta-me limpar-lhes as lágrimas, tranquilizar-lhes a alma e esconder a lagrimita que teima em cair como se eu fosse àquela mãe que quatro anos antes também os viu partir.

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