quarta-feira, 16 de março de 2011

Pimenta na língua

Começou quando surgiu um diploma de licenciatura assinado num domingo, de um aluno a aguardar quatro notas que, coincidência das coincidências, foram lançadas igualmente no mesmo domingo, assim enquanto o padre rezava a missa e se via o futebol. Depois, ficou mais criativo e disse que fazia trabalhos pro bono quando aparecem registos de deduções no fisco. E como uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, o país acreditou.

Seguiu-se uma campanha eleitoral, onde prometeu mundos e fundos. Das suas promessas eleitorais, disse criar 150 mil postos de trabalho (serão tantos os números de tachos dos militantes socialistas?), criar empresas, aumentar os funcionários públicos acima da inflação. Criticou veemente a introdução de portagens nas SCUTS e prometeu que, em quatro anos, iria acabar com a pobreza. Inocentemente, foi eleito.

No poleiro, as mentiras aumentaram em proporção com os seus enganos e as suas gafes. Apontou a falha na avaliação dos professores, esquecendo porventura o facto de que foi ele a acabar com as que permitiam progressão na carreira. Apanhado a fumar num avião, após aprovar uma lei que proibia o fumo em espaços fechados, desculpou-se dizendo não estar ao corrente da lei. Enalteceu que o Magalhães era um produto made in Portugal e iniciou uma distribuição pelas escolas, em que os computadores eram ofertados e recolhidos após a fotografia (a minha avó costuma dizer que quem dá e tira ao inferno vai parar). Mentiu, desmentiu, mentiu, desmentiu sobre as SCUTS e depois envio um lacaio para fazer o seu trabalho sujo, anunciá-las. Dos aumentos prometidos para a função pública, inverteu-lhes o sentido e o resultado foram cortes muito penalizadores para os trabalhadores. Em altura de Festas, apresentou-se como o Pai Natal de Portugal e disse que a prenda este ano seria o preço mais baixo dos combustíveis, tudo responsabilidade da sua capacidade de negociação, facto que "Cometa" Silva Perereira e "Rudolfo" Teixeira dos Santos se apressaram a confirmar. E provavelmente há mais situações que a minha memória, finita em capacidade, não consegue suster.

Talvez na campanha eleitoral que se avizinha tão provável como o FMI, à qual já prometeu recandidatar-se, diga que foi ele que inventou a roda, que geriu o fim da Guerra do Iraque e que está a ser realizado um inquérito para avaliar se foi ele quem criou o Universo ou não.

Hoje, mais uma no role imenso: depois de anunciar em Fevereiro a descida do preço dos medicamentos em Abril, vem dizer que afinal já não vai baixar o preço dos medicamentos, acrescentando ainda a Ministra Ana Jorge, com um descaramento político daqueles que já não se viam desde a ditadura, que se os portugueses estão numa situação insustentável, então mais um roubo também não irá fazer diferença nenhuma.


O Sócrates tem sido um menino muito mal-comportado, sem dúvida. Com tanta mentira, se o Sócrates morasse cá em casa, aposto que a minha mãe já lhe tinha posto pimenta na língua.

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