segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Liberdade

Há mais de quarenta anos, para ser precisa há quarenta e dois anos, Portugal vivia mergulhado num regime fascista. A insatisfação era geral e, inspirados por ventos franceses, a academia, os seus docentes e os seus alunos começavam a demonstrar alguns desconforto. A falta de liberdade, de valores, a pobreza gritante do país e a podridão de espírito trazida pela guerra nas colónias eram assuntos que ocupavam o pensamento daqueles que usavam capa e batina.
Até que em Abril de 69, Alberto Martins, presidente da Associação Académica de Coimbra pede a palavra ao presidente Américo Tomás: "Posso usar da palavra?", pedido que lhe foi negado, tendo sido preso no dia seguinte. Acendeu-se assim o rastilho de uma das maiores manifestações de indignação e de repressão, que apenas serviram para reforçar a unidade estudantil.

Quarenta anos passaram e tanto mudou. Por aqueles que lutaram na altura, agora temos direito à palavra, à indignação, ao conhecimento e à liberdade. Tomámos como nossos os seus hinos, até sabemos entoá-los. Temos orgulho em ser a geração com  mais conhecimentos, com mais formação.Na realidade, seremos a primeira geração a viver pior do que os pais, a geração dos quinhentos euros, da precariedade, da emigração e do futuro adiado. 

Mas em nós falta a coragem para lutar. Falta a coragem para de capa e batina pormos em causa a vida confortável que ainda levamos e sairmos do marasmo em que vivemos, eternamente ludibriados pelo ideal capitalista, que tudo promete e nada dá. Passados quarenta anos, é altura de lutarmos com as mesmas armas, com orgulho no nosso passado e fazendo da nossa capa negra um hino de liberdade.




1 comentário:

Hugo Nofx disse...

Temos que lutar, sempre!
beijo.