quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Eu prometo que não me magoo.

Mas é por aquela e por outras que fico triste contigo.

O amor é um sentimento bipolar.

É um sentimento maravilhoso quando enche o nosso coração da razão que nos permite sermos capaz de fazer tudo, enfrentar as maiores dificuldades. Mas transforma-se rapidamente no sentimento mais corrosivo quando magoa o nosso coração de cortes tão profundos, tão sangrantes que, tantas vezes, se tornam irreversíveis na alma.

Quem já viveu sabe que as aventuras e desventuras do amor são inevitáveis. E eu acrescento, pobres são aqueles que nunca amaram incondicionalmente ou que nunca se sentiram amados por alguém. O toque do amor, em qualquer das suas formas, é poderoso, tal como poderosa é a decepção que pode trazer quando o amor teima em fugir de nós como o diabo foge da cruz.

As pessoas não podem escolher a quem amar, e tantas são as vezes em que duas pessoas amam em direcções opostas, antagónicas. É outra daquelas verdade que a vida ensina a todos os que se permitiram viver um pouco. É este amar antagónico, divergente, que transforma o amor, sentimento tão nobre, em algo doentia, cansativo, esgotante até ao limite.

E apesar de ser este sentimento lacerante o que mais teima em perdurar, amar alguém, mesmo que esse alguém seja incapaz de retribuir, é bom. Dá algum sentido à vida, tantas vezes tão insípida, sensaborona.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

De ti

Gosto de ti, já o sabes. Não sei se é a maneira certa de gostar de ti, mas sei que é a única que consigo encontrar, entender e dar-me bem comigo mesmo gostando. Talvez seja a errada, talvez só me cause sofrimento, talvez devesse gostar de ti como tu gostas de mim. Ou talvez - gostava eu de acreditar - sejas tu o errado e eu goste de ti da maneira certa. Ou ainda se calhar estamos os dois certos. Ou os dois errados. Gosto de ti da maneira que gosto, e vivo com isso todos todas os pedaços de tempo que possas imaginar.

Gostas de mim, eu sei. Mas não da forma como eu gosto de ti. Gostas ao teu jeito, da tua maneira. Afinal existem tantas maneiras de gostar.

Gosto de gostar de ti, de outra forma não te poderia apreciar. Não gosto da forma como gosto de ti, gostaria de gostar de ti doutra forma. É mais forte do que eu, não o posso evitar. Gosto de ti como sempre gostei. Gosto de ti, porque não te posso amar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Razon de vivir.



Porque a amizade é sempre uma boa razão para viver.

Numa sala.

Repleta de gente que discute, conversa, estuda, trabalha, reparo nele absorto nos seus pensamentos, nem repara em mim. Fixo os meus olhos nele, ele fixa os seus na montanha de papéis cheios de um código complicado à sua frente. Não consigo concentrar-me, perco a calma e a tranquilidade. Observo-o com atenção, cada traço do seu rosto levemente contraído pela força das circunstância. Não me nota mas eu percebo-o preocupado. Os seus dedos estão fechados dentro da sua mão grande e forte, oiço o batutar nervoso da caneta, o olhar concentrado como se o mundo pudesse ruir à sua volta sem que desse pelo mais breve ruído. E sem que reparasse em mim, incapaz de desviar os meus olhos curiosos por um segundo que fosse.

Olha repetidamente para o relógio, como se contasse todos os minutos. que faltam até uma prova de fogo. É então que sou forçada a olhar para o meu contador de tempo quando estou com ele. Aquele que bate à quarenta e três mil e oitocentos e trinta minutos. O que bate ao ritmo do meu coração.

Para os outros.

Nada de sentimentos. Nada de emoções. Nada de saudades. Nada de outro qualquer sentimento que possa revelar algo de diferente em mim. Nada de satisfação. Nada de aborrecimentos. Seria um quase perfeito...

Gosto de ti

desde aqui até à Lua. Gosto de ti, desde a Lua até aqui.

Tiras-me o juízo.

Quando me tiras o sono durante a noite. Quando me deixas confusa. Ansiosa. Insegura de mim mesma. Angustiada. Nervosa pelo que há-de vir. Quando tomas conta do meu pensamento e me roubas a concentração de tudo. Tiras-me o juízo.

Mas alegras a minha vida quando me fazes rir sozinha e encantas o meu dia com o teu humor delicioso. Quando me fazes sonhar acordada. Quando me fazes adormecer com dores de barriga de tanto gargalhar. Quando fazes as minhas pernas tremer e coras a minha face. Quando não consigo deixar de pensar em ti, seja meio dia ou meia noite.

Tiras-me o juízo!

domingo, 26 de outubro de 2008

Transparente

Sei que sou totalmente transparente para ti. Mesmo quando me quero fazer opaca. É-me difícil guardar-te segredos, mesmo esforçando-me para o fazer. Perdi a capacidade de te desviar a atenção para outro sítio que não a verdade. Não que te mentisse algum dia, disso nunca tive a capacidade, mas de omitir, de guardar para mim, de não mostrar mesmo quando alguém tenta perceber.

Um dia, quando dizia que não, que nem pensar, que já me eras indiferente, percebes-te exactamente o que queria dizer: que sim, que com certeza, que ainda me fazias sentir diferente e especial. Que gostava de ti, um sentimento do tamanho do mundo. Foste sensível e sensato, politicamente correcto, como sempre és. I was catch! Não digas a ninguém, vale?

Tempo

O tempo cura tudo, é uma lição que aprendi pela vida. O tempo é o único que torna tudo suportável, mesmo que nos possa parecer que não. E ajuda a modelar relações, ensina lições. Pelo tempo aprendi que há pessoas que, apesar de serem essenciais na nossa vida, temos apenas de lhe encontrar o papel adequado. Neste caso, e por muito que me entristeça e deseje mais, é o de amigo. Aprendi que é necessário tempo para fazer o luto, para chorar. Aprendi que a amizade não é sinónimo de amor e que não se consegue que aconteça só porque queremos muito que aconteça. Aprendi que o ódio não é solução, apenas magoa mais. E que a mágoa deve ser assumida, sem esconder o quanto nos entristece. Aprendi que temos uma força só nossa para superar tudo o que possa suceder. E aprendi que, apesar de doer mais do que podemos conseguir superar, são as situações difíceis e dolorosas que nos ajudam a tornarmo-nos quem somos, que fazem de nós aquilo que somos. E que é por isso que os outros estarão connosco.

sábado, 25 de outubro de 2008

Por teu amor, eu morria de desejo.

Deste-me a vida num beijo e eu vivi por te beijar.
Ouviam-se acordes de guitarras. Uma voz masculina, forte, embargada de uma emoção que muitos almejam mas apenas poucos alcançam, fazia-se sentir num ambiente que já respirava saudade. A música era para todos saudade. De um tempo que já acabou, de um tempo que foge entre os dedos e corre a esgotar-se, de pessoas que foram e pessoas que irão. De dizer adeus a um modo de vida que apenas privilegiados podem, e devem, usufruir.

Solenidade, só isto descreve o momento. Capas foram rasgadas com força mas ternura. Lágrimas foram enxaguadas. Recordações de pessoas que mesmo que o destino nos separe ficaram ad eternum escritas nas linhas de cada rasgo feito na nossa capa.

E ele estava lá, não poderia ser de outra forma. Ria, de mim, dele, de todos nós. Resmungava com nada. De cima do muro - como se precisasse disso para se destacar de todos os outros? – divertia-se e divertia-nos. Afinal, como poderia ser diferente?
A minha cabeça fervilhava a mil. Como era possível. Não podia ser. O calor da sua capa aquecia as minhas mãos geladas, o conforto das suas pernas auxiliava o descanso das minhas costas. O seu sorriso delicioso, a sua altura imponente. O seu carácter contraditório, a sua pouco paciência. As nossas picardias tão amigáveis. E a vontade de abraçá-lo num gosto muito de ti pronunciado no silêncio de uma doutora que por seu amor morria de desejo e daria a vida num beijo dele.

Mal por mal...

... vou começar a escrever novamente. Mal por mal, vou falar aqui coisas que a coragem me impede de dizer. Mal por mal, porque não tenho nada a perder. Mal por mal, é este o meu novo blogue. Mal por mal.