terça-feira, 28 de junho de 2011

Daquelas coisas que me transtornam

"O Hospital de Sto. António reservou uma sala para amigos e familiar do cantor e actor" JN Online

Infelizmente, por motivos profissionais, já vi muita gente morrer. E em alguns momentos, fiquei sem saber o que dizer quando o familiar autorizado a acompanhar o doente, entre lágrimas e dor, depois de muitos dias ou até semanas a viver no hospital, a dormir num cadeirão, a sobreviver no mais básico das suas necessidades, observado por todos na pouca privacidade de uma enfermaria, me contava da partida eminente do seu ente querido.

Nós, os enfermeiros daquele serviço, oferecíamos o que podíamos dar. Uma garrafa de água, um cadeirão, uma coberta nas noites mais frias, um ombro onde desabafar ou um momento de descanso 'vá descansar que eu fico com o seu familiar' quase sempre negado na ansiedade de que o enfermeiro fosse o único a segurar a mão do seu familiar quando a vida findasse. Nunca, em momento algum, pude oferecer um quarto mais resguardado onde pudesse chorar, aguardar as notícias, tomar decisões tão difíceis na companhia de pessoas significativas para si.

E nesse momento de terrível verdade, nada importa quantas pessoas o conhecem ou quanto dinheiro tem. 
A importância que se dá a uma vida e a um luto deveria ser igual para todos. 

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