domingo, 26 de abril de 2009

Hoje apaixonei-me.

E tu, passou-te ao lado?[Explicação lógica para a imagem: lembram-se daqueles filmes antigos em que elas levantam a perna ao mais doce toque de dois lábios? Eu hoje sinto-me assim. I'm foolish, I know, but I love it]

Não me digas....

Já é tarde, tendo em conta a hora madrugadora do dia de hoje. Sinto-me mais cansada do que sempre e sei que a próxima semana será, muito provavelmente, uma das semanas mais stressantes e agitadas da minha vida. Mas não consigo dormir. Simplesmente o sono não chega, nem bebendo leite quente, nem aconchegando-me no calor dos cobertores. Muito menos fechando os olhos, porque lá dentro existe uma única imagem, desperta em toda a sua essência.

Será que eu estou magoada com alguma coisa? Será que eu algum dia vou acertar? São estes os pensamentos que chegam. Fogo, tu não me digas que... Será que não posso culpar outra coisa? Será que não existe nenhum remédio que faça dormir sossegada todas as noites que restam da minha vida? Ai que porcaria, tu não me digas que... Será que já estive assim antes? Porque não consigo pensar noutra coisa? Porra, tu não me digas que eu estou a apaixonar-me?

Quero lá saber!

[uma quase continuação do post anterior]

Hoje os pássaros não cantaram. Hoje o sol não brilhou. Hoje não ganhei o euromilhões. Hoje não tive nenhuma boa notícia. Hoje não fui aos saldos. Hoje não comi a minha comida preferida. Hoje não tive um encontro. Hoje não recebi uma boa nota. Hoje não vi a minha conta bancária crescer. Hoje ninguém me elogiou. Hoje não reencontrei um amigo que não via há muito. Hoje não fui ao cinema. Hoje não comi gelado. Hoje não vi Anatomia de Grey. Hoje não li um bom livro. Hoje não foi um dia especial.

Mas que importa isso se eu estou feliz?

When did that happen?

And how do we make it stop? [Grey's Anatomy, Season 1, Episode 5]

As minhas primeiras impressões não funcionam. Muitas foram as pessoas com quem embirrei à primeira vista e que agora são minhas amigas. Não acredito em primeiras impressões por esse mesmo motivo - comigo elas enganam, iludem. Mas foi preciso algum tempo e muita reflexão para chegar a esta conclusão, que veio ontem, no meio de uma cerveja e uma serenata e que me atingiu como um bang perfeitamente audível.

Porque ele era daquelas pessoas com quem eu embirrava solenemente. Uma implicação muito pessoal, daquelas em que não gostamos de nada naquela pessoa e tudo o que faça, sejam ou não actos antagónicos, nos parece mal. Não gostamos, por todos os motivos e mais alguns. Mas sem nunca termos uma explicação lógica para o sucedido. Mas tenho-o conhecido melhor, por circunstâncias da vida.

Por isso este é daqueles post's de arrependimento. Não devia ter-te chamado tantos nomes como fiz. Não devia ter achado que eras um idiota arrogante e presunçoso. Não devia ter-te voltado as costas tantas vezes quando estavas a falar. Não devia ter perdido a oportunidade de aprender alguma coisa contigo. E não devíamos ter feito o que fizemos ontem.

Pessoa melhor.

Quero tornar-me alguém melhor. Menos crítica, menos agressiva nos modos, menos cruel. Quero deixar que o melhor de todos venha ao de cima e seja mais importante que o pior. E às vezes eu quase consigo num exercício que, de tão difícil, se torna penoso. Geralmente, o auto-controlo vence. O problema surge quando me puxam pela língua, quando fazem algum comentário sarcástico. Caldo entornado, como se costuma dizer. A coisa descamba numa troca de parvoíces por ali fora.

Mas eu tento. Eu tento quando as pessoas do metro me empurram, quando o condutor da frente vai a 20km/h, quando me fazem esperar uma manhã inteira por alguém que não vem, eu tento quando tenho de me repetir cinco vezes para um velhote surdo lá do centro de saúde. Eu tento.
Mas perco facilmente a paciência. Breath in, breath out. As coisas más existem para darmos valor às boas. Breath. As pessoas são boas e viver é bom. Pará de te queixar. E de criticar. E de praguejar. E de dizer tantos palavrões.

Oh que se f***. Não seria a mesma se me transformasse na Madre Teresa ou na Princessa Diana. Também não sou nenhuma megera. Por isso, que se f***.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

O Senhor Certo.

Ultimamente, questiono-me sobre uma coisa: nós gostamos realmente daquela pessoa ou gostamos da ideia que fazemos dela? É que são coisas diferentes, apesar de uma primeira leitura desatenta poder pensar que os meus fusíveis mentais queimaram de forma definitiva. Se acham que não é diferente, expliquem-me porque pensamos nós tantas vezes "mas o que raio é que eu vi naquele ser?".

A vontade do princípe encantado é tão avassaladora que nos leva a construir uma ideia - por vezes, meramente isso - daquilo que julgamos ser a nossa alma gémea materializando-a num corpo que encaixe disfarce tudo aquilo que não queremos e onde seja possível imaginar aquilo que desejamos. Pensamos no que ele gosta, não gosta, diz, pensa, quer da vida. E nós vemos tudo aquilo que queremos ver nele. E andamos felizes assim até à primeira escorregadela do Senhor Certo. Nesta altura fechamos os outros e tapamos bem os ouvidos. I don't care, gritamos ao mundo. É a ilusão maravilhosa de que o Senhor Certo existe e, felizardas que somos, gosta de nós e está ao nosso lado.

Mas há a segunda metida da pata na poça. A terceira, a quarta e a quinta... e o homem transforma-se numa nódoa negra. É quando percebemos que o Senhor Certo de Antes já não é o Senhor Certo de Agora, e muito menos será o Senhor Certo de Amanhã. Houston, we have a problem. Duas soluções para o caso: ou sofremos de um esquizofrenismo momentâneo e repentino e mudamos hoje o que queríamos ontem, ou então o Senhor Certo passou das marcas e transformou-se, definitivamente, no Senhor Completamente Errado.

É então que voltamos à realidade. Como é que ele nos conseguiu enganar tão bem? Minhas queridas, ele não nos enganou. Nós é que quisemos cair nesse doce engano, criado por nós. Mas, por mais que custe admitir, ainda bem que assim é porque nunca é uma perda de tempo perseguir um sonho, um desejo e viver intensamente as coisas. Vale sempre a pena sentir o coração aos pulos só por saber que ele irá chegar, as mãos a tremer, a voz a falhar e as palavras a sairem engasgadas. Por isso, no matter what. Estar apaixonado por alguém vale sempre a pena. É que o Senhor Certo só existe num limite temporal. O agora.

Levo-vos comigo para a vida.

Vejo as fotografias e, por muito que quisesse, elas não me deixam mentir. Mais gordos. Mais altos. Mais palermas. Mais carecas. Mais apaixonados. Ou menos. Muito mudou, mais ainda permaneceu igual. A cumplicidade que se gerou entre nós os cinco - perdoem-me os acrescentos mais recentes - é evidente e não se disfarça ao olhar de ninguém. Vivemos muito juntos e já houve alturas em que não tínhamos sequer intimidade entre nós. Contudo, a vida adulta chegou e, apesar de irmos estreitando laços, fomos igualmente sendo capazes de separar as águas. É assim que compreendo uma amizade.

Mas esta semana tive saudades vossas, e muito por culpa minha. Sei que me sobrecarreguei de obrigações e tarefas por uma coisa que a nada vos diz respeito e que até podem não compreender. Sei que a culpa de não poder estar convosco é minha. Mas sinto saudades vossas, talvez como nunca senti. Por isso, deixo aqui o pedido de desculpas merecido e imploro para que arranjem um tempinho para mim dentro da minha agenda a abarrotar de coisinhas sem importância - mas para as quais contam comigo - para estarmos juntos. Outra vez.

Aos amigos. Porque é a vossa presença que me faz ser quem sou. Porque são as vossas palavras que me dão conforto para continuar. Porque são vocês que me fazem ter a certeza que posso avançar, às vezes de forma pouco irreflectida, porque vou ter sempre comigo alguém que me apoiará por maior que seja a asneira que faça. Porque são vocês que me fazem ponderar esses tais actos irreflectidos. Porque é convosco que sinto o carinho, a cumplicidade e a ternura que só uma amizade pode oferecer. Porque é convosco que quero continuar a partilhar momentos. E porque este blog fala dos amores que trago no coração, e esse amor também vos pertence.

[aos outros amigos que fui arrecadando na vida e que não são referidos acima, apesar do papel importantíssimo que têm na minha vida e da certeza que gosto de vocês daqui até à lua, peço a compreensão. Não se esqueçam que a tradição diz que não há amor(es) como o(s) primeiro(s)]