quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Antecipação


Tomada que está talvez a decisão mais importante da minha vida, sendo eu feita para pensar, repensar, dormir sobre o assunto, pensar e voltar novamente a debruçar-me sobre as questões, chega a altura de sofrer por antecipação. De consciência, sei que ainda faltam alguns meses até que se concretize a mudança definitiva, sei que até lá ainda chegará um calvário de burocracia e algumas lágrimas ainda vão rolar, sei que a distância espacial e temporal não me permitirá ver o bom da mudança e apenas ressaltará a minha vontade de voltar atrás.

Antecipar a distância faz-me perceber uma coisa que até hoje nunca tinha percebido: as saudades são tramadas. Sei que vou ter saudades da minha mãe, de tudo o que ela me faz e que eu não valorizo, das chamadas aborrecidas mas que vão fazer tanta falta. Sei que vou ter saudades do meu pai, o pai herói que tudo faz para me agradar, que sei que me adora, que me vê como a sua pequenina e de quem sei que levarei comigo o seu coração. Sei que terei saudades da família, dos meus avós, dos meus tios, dos meus primos, dos almoços e jantaradas, das datas festivas e do amor que tantas vezes não se diz mas sente-se. Sei que terei saudades dos meus amigos, das conversas, das saídas, dos segredos e cumplicidades, da dedicação, das bebedeiras e das loucuras, das ternuras. Sei que terei saudades da minha cidade, de conduzir pelo trânsito da VCI, de ir ao Norteshopping, ao Piolho, de ver a bola no Dragão.

Conclusão: não podemos ter tudo, é uma inevitabilidade. A vida é tramada!

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