segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Do meu primeiro Natal de adulta

Começou uma semana antes do Natal. Este ano, tive direito a horas infinitas na procura do presente ideal para aquela mão cheia de pessoas que o merece, ao dinheiro do meu primeiro subsídio (cortado a metade, quase) a desaparecer da carteira a uma velocidade alucinante, a dores nas pernas e a falta de espírito natalícia das compras.

Depois, sexta e sábado. Fiz rabanadas, aletria, pudim Abade de Priscos, bolo de cenoura com cobertura de chocolate, bolo e tarte de abóbora, queques de courgette e chocolate, um tiramisu para sobremesa e ainda ajudei o pai a fazer o Bolo Rei. A mãe precisou da minha mãozinha na confecção das entradas e no assado para domingo. Os cabazes de Natal para oferecer também não se iam embrulhar sozinhos. Já em casa dos avós, havia a mesa para pôr e outras tantas coisas de última hora para fazer. Bateram as doze badaladas e eu estava estoirada, doíam-me as costas e queria a minha cama. Resisti e fiquei mais um pouco à mesa, a jogar uns jogos, em cantorias e conversetas. O domingo foi mais tranquilo, na ressaca da trabalheira toda dos dias anteriores.

Pela primeira vez, o Natal não foram só risos, presentes, jogos, família, música, comidinha pronta e cheirinho a doce. Pela primeira vez, percebi que para o meu Natal ser como era, as mulheres da família (e os homens, às vezes) trabalhavam que se fartavam. Mas pela primeira vez senti o quão caloroso pode ser um sorriso de isto está tão bom, nham ou o quão bom é comprar um presente que sabemos que aquele alguém vai efectivamente gostar. 

Foi assim o meu primeiro Natal de adulta.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Antecipação


Tomada que está talvez a decisão mais importante da minha vida, sendo eu feita para pensar, repensar, dormir sobre o assunto, pensar e voltar novamente a debruçar-me sobre as questões, chega a altura de sofrer por antecipação. De consciência, sei que ainda faltam alguns meses até que se concretize a mudança definitiva, sei que até lá ainda chegará um calvário de burocracia e algumas lágrimas ainda vão rolar, sei que a distância espacial e temporal não me permitirá ver o bom da mudança e apenas ressaltará a minha vontade de voltar atrás.

Antecipar a distância faz-me perceber uma coisa que até hoje nunca tinha percebido: as saudades são tramadas. Sei que vou ter saudades da minha mãe, de tudo o que ela me faz e que eu não valorizo, das chamadas aborrecidas mas que vão fazer tanta falta. Sei que vou ter saudades do meu pai, o pai herói que tudo faz para me agradar, que sei que me adora, que me vê como a sua pequenina e de quem sei que levarei comigo o seu coração. Sei que terei saudades da família, dos meus avós, dos meus tios, dos meus primos, dos almoços e jantaradas, das datas festivas e do amor que tantas vezes não se diz mas sente-se. Sei que terei saudades dos meus amigos, das conversas, das saídas, dos segredos e cumplicidades, da dedicação, das bebedeiras e das loucuras, das ternuras. Sei que terei saudades da minha cidade, de conduzir pelo trânsito da VCI, de ir ao Norteshopping, ao Piolho, de ver a bola no Dragão.

Conclusão: não podemos ter tudo, é uma inevitabilidade. A vida é tramada!