sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Admito.

Nunca serei boa o suficiente. Se sou boa, haverá sempre alguém a achar que sou má. Se faço bem, alguém me apontará o dedo e dirá que fiz mal. Se sou carinhosa, alguém me apelidará de bruta. Se dou, certamente pensarão que tirarei a seguir. Se digo que gosto, com certeza queria dizer que odeio. Se dou a mão, alguém achará que vou empurrar a seguir. Não interessa portanto. Seja eu quem for, os outros verão sempre aquilo que quiserem ver. Por isso... oh que se foda!

A vida é uma coisa cíclica ou Identifico-me

"Eles comem tudo / Eles comem tudo / Eles comem tudo e não deixam nada"
José Afonso (1963)

"Pergunto ao vento que passa / Notícias do meu país / 
O vento cala a desgraça / E o vento nada me diz"
Adriano Correia de Oliveira / Manuel Alegre (1967)

"Continuamente vemos novidades / Diferentes em tudo da esperança
Do mal ficam as mágoas na lembrança / E do bem, se algum houve, as saudades"
Luís Vaz de Camões / José Mário Branco 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Gente que é parva


A nova música dos Deolinda, chamada de Parva que Sou, gerou um burburinho social como há muito não se via. Os recém-licenciados, os desempregados, os que almejam por um futuro melhor, vêm nela um hino geracional, como se Zeca Afonso ou José Mário Branco tivessem ressurgido sob a voz de Ana Bacalhau (andam eles às voltas no túmulo perante tal comparação!). Os outros, nascidos em berço d'ouro e de vidinha confortável, como o Sr. Ministro Mariano Gago ou a ex-Ministra Lurdes Rodrigues, acham isto tudo uma palermice, um comunismo pegado, um caminho errado para desviar dos estudos os que defendem esta 'geração parva'. E depois, ainda existem estas andorinhas como a acima referida, que na edição de 18 de Fevereiro deste ano do Jornal Destak, escreve a pérola que se pode ler, alguém que nasceu em berço de ouro, empreendeu relações sociais bem sucedidas e escreve meia dúzia de barbaridades numa coluna social.

Ora todos sabemos que há um enorme buraco entre a procura e a oferta de empregos qualificado. Que as empresas se aproveitam dessa abundância para fazer proliferar os empregos temporários ou os estágios gratuitos. Mas... geração parva? Parvos porque nos esforçamos para estudar mais, para obter mais competências, porque nos valorizámos? Parvos porque aproveitaram as oportunidades dadas pelos pais para obter uma licenciatura? Parvos porque, em vez de andarmos a trabalhar nas obras (sem desprimor para quem o faz), andámos a estudar para podermos ser melhores, para podermos ambicionar um futuro risonho? Parvos é que não somos. Porque por muito que nos custe ver a nossa vida adiada, que sintamos as nossas capacidades desprezadas e desvalorizadas, ainda podemos acreditar que um dia podemos vir a colher os frutos do nosso trabalho. Não somos nós os parvos por termos estudado e ambicionarmos um emprego compatível. Parva é a gente que, por ter tido o ovo no cú da galinha, se acha no direito de criticar aqueles que procuram apenas o retorno do investimento que fizeram.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

De pôr os cabelos em pé I


Quando as pessoas namoram uma com a outra, é natural que essa relação se estenda até aos amigos da parelha. Se me faço entender, é normal que as pessoas que eram amigos de um dos elementos do casal comecem a estabelecer ligações de amizade com a pessoa recém-entrada no círculo de amizades, via cama-do-amigo-X. Até aqui, tudo bem, tudo normal. E as pessoas tornam-se todas amigas, num grande grupo feliz.

A porca torce o rabo quando aquele casalinho, que era só amor, beijinhos e mimos, decide acabar tragicamente a relação. Em bom português, quando um decide que está mais do que na altura do outro levar um belo par de patins. Pronto, caldo entornado e começa o típico 'zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades'. E lá vai acusação para um lado, silêncio para o outro, choro daqui e ódio dali. 

E porque já não tenho idade nem pachorra nem vontade para andar com estas merdas nos ouvidos não admito (nunca, nunca mais) que me coloquem no constrangimento de ouvir falar mal de uma pessoa que gosto. Arre, a la pute que vos pariu!


Sem compromissos.

O filme No Strings Attached ou Sexo sem Compromissos estreou dia 10 de Fevereiro e hoje ainda olhei duas vezes para ele em cartaz antes de comprar - tão acertadamente! - o bilhete para O Discurso do Rei. Sei que a história é sobre dois amigos que se divertem numa amizade colorida e depois, dêem vivas à originalidade - se apaixonam. E depois?

Depois conversa-se. As mais devassas deverão certamente rever-se na personagem feminina, os garanhões farão comparações positivas entre si próprios e o Ashton Kutcher, as vantagens são inúmeras:  fazem bem elas, é tão bom o sexo sem compromisso, um relacionamento é um cabo dos trabalhos, tens o prazer do sexo sem os aborrecimentos de uma namorada, porquê estar sempre com a mesma pessoa se podes estar com essa e com outra?

Mas são esses mesmos que acordam sozinhos todos os dias, mesmo que acompanhados por uma cara que não conhecem o nome nem os sentidos. São esses mesmos que, saltitando despreocupadamente de cama em cama, não conhecem como é bom a certeza de um sentimento, a segurança de um companheiro ou a partilha de um amor. São esses mesmos que, no final da sua vida, olharão para trás e terão prazer em vez de felicidade. Eu cá prefiro a felicidade.

Ah, pois... somos tão bons na teoria!

Emigrar.

E pronto, hoje mais uma amiga se foi. E mais alguns estão de partida, para fazerem a sua vida longe de Portugal. Todos licenciados, pois com certeza. E é nestas ocasiões que me pergunto... mas que raio estou eu a fazer ainda aqui?!