terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ser.

Nunca fui uma daquelas meninas que tocam piano e falam francês. Resumidamente, nunca fui uma daquelas meninas tiradas de revista, bem comportadas e com toques de burocracia pertencente à realeza. Nunca tive jeito para alegria tímida, para paixão sem orgasmos ou para amores mal resolvidos sem soluços.

Quero da vida aquilo que ela tem de bom. De mais natural. Sem artificialismos. Não quero que gostem de mim. Quero aprender a gostar de cada detalhe que sou. Quero poder falar abertamente, sem que as palavras sejam o meu inferno ou a minha paz. Quero ser intensa, transitória, volátil, viver de uma alegria que me deixe exausta.

Sou capaz de sorrir, soltar a mais embaraçosa das gargalhadas no mais íntimo dos locais. Sei chorar, no meu casulo, de pernas perto do peito, apertando os sentimentos que teimam em escorrer pelos meus olhos. Por isso, para mim, não servem meios termos. Quero corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar. Quero suspiros, mãos ofegantes, saudades intermináveis, alegrias explosivas, olhares penetrantes, abraços que nos apertam até pararmos de respirar. Quero coisas sinceras, partilhadas. Quero profundidades, não evitar os meus abismos, subir aos mais altos píncaros. Quero ser o que sou.

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