sábado, 25 de outubro de 2008

Por teu amor, eu morria de desejo.

Deste-me a vida num beijo e eu vivi por te beijar.
Ouviam-se acordes de guitarras. Uma voz masculina, forte, embargada de uma emoção que muitos almejam mas apenas poucos alcançam, fazia-se sentir num ambiente que já respirava saudade. A música era para todos saudade. De um tempo que já acabou, de um tempo que foge entre os dedos e corre a esgotar-se, de pessoas que foram e pessoas que irão. De dizer adeus a um modo de vida que apenas privilegiados podem, e devem, usufruir.

Solenidade, só isto descreve o momento. Capas foram rasgadas com força mas ternura. Lágrimas foram enxaguadas. Recordações de pessoas que mesmo que o destino nos separe ficaram ad eternum escritas nas linhas de cada rasgo feito na nossa capa.

E ele estava lá, não poderia ser de outra forma. Ria, de mim, dele, de todos nós. Resmungava com nada. De cima do muro - como se precisasse disso para se destacar de todos os outros? – divertia-se e divertia-nos. Afinal, como poderia ser diferente?
A minha cabeça fervilhava a mil. Como era possível. Não podia ser. O calor da sua capa aquecia as minhas mãos geladas, o conforto das suas pernas auxiliava o descanso das minhas costas. O seu sorriso delicioso, a sua altura imponente. O seu carácter contraditório, a sua pouco paciência. As nossas picardias tão amigáveis. E a vontade de abraçá-lo num gosto muito de ti pronunciado no silêncio de uma doutora que por seu amor morria de desejo e daria a vida num beijo dele.

Sem comentários: