segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Numa sala.

Repleta de gente que discute, conversa, estuda, trabalha, reparo nele absorto nos seus pensamentos, nem repara em mim. Fixo os meus olhos nele, ele fixa os seus na montanha de papéis cheios de um código complicado à sua frente. Não consigo concentrar-me, perco a calma e a tranquilidade. Observo-o com atenção, cada traço do seu rosto levemente contraído pela força das circunstância. Não me nota mas eu percebo-o preocupado. Os seus dedos estão fechados dentro da sua mão grande e forte, oiço o batutar nervoso da caneta, o olhar concentrado como se o mundo pudesse ruir à sua volta sem que desse pelo mais breve ruído. E sem que reparasse em mim, incapaz de desviar os meus olhos curiosos por um segundo que fosse.

Olha repetidamente para o relógio, como se contasse todos os minutos. que faltam até uma prova de fogo. É então que sou forçada a olhar para o meu contador de tempo quando estou com ele. Aquele que bate à quarenta e três mil e oitocentos e trinta minutos. O que bate ao ritmo do meu coração.