segunda-feira, 2 de abril de 2012

Das primeiras novidades de Londres

Hoje é o quarto dia em Stratford, East London. E, de uma forma geral, esquecendo os momentos cansativos, tudo tem corrido muito bem. E até agora nunca me arrependi um momento que fosse da decisão de vir.

Começando por Stratford, tudo é muito citadino, cheio de lojas que nos parecem estranhas e que ora são de quinquilharia ou restaurantes com ares manhosos. Estou a caricaturar um pouco sobre aquilo que nos parece à primeira vista se quisermos ser más-línguas porque, no fundo, estamos muito bem localizados no que diz respeito as bens essenciais, lojas, restauração e divertimento. Só para contextualizar um pouco, tenho à minha porta o maior centro comercial da Europa, Westefield Center. As casas parecem sujas e velhas por fora mas, das experiências que tive - a minha casa e o hospital, por exemplo - são modernas e arrumadas no interior. As pessoas tão ainda me parecem um pouco estranhas mas riem-se para nós na rua e, tirando um funcionário do aeroporto, foram todas simpáticas e muito faladoras. Contudo, aqui vê-se um melting pot enorme, com estilos, roupas e maneiras de agir para todos os gostos e feitios, ainda que nesta área predomine uma comunidade muçulmana bastante grande, que se faz notar na rua por muitas mulheres com cabelos tapados. Além disso, vêem-se igualmente muitos indianos, com um sotaque difícil de entender, mas bastante simpáticos e prestáveis. Vêem-se também muitos Príncipes Harrys, homens altos, atléticos, ruivos, charmosos e com um sorrisinho bonito. A continuar assim, Inglaterra tem futuro.

Do alojamento, posso dizer que tivemos sorte. A casa é grande, tem seis quartos, duas casas de banho e uma cozinha com uma mesa de jantar desengonçada e dois cadeirões-sofás individuais pequenitos. Não me posso queixar particularmente, porque fiquei com um dos dois maiores quartos: tem imenso espaço (até demais para as poucas coisas que pude trazer comigo), uma mesinha e uma cómoda, um armário embutido, uma cama que não é muito ao meu gosto, uma secretária com cadeira e prateleira para arrumação e janelas enormes, por onde entra o sol e de onde se vê toda a rua. Temos ainda internet, aquele bem que se tornou essencial na minha vida, quase tanto como comida e roupa, para matar as saudades que se vão sentindo, especialmente nalguns momentos.

Por sua vez, do grupo que veio, a sorte não me podia ter dado melhores colegas de casa. A Cristina e a Patrícia, as outras duas meninas, já me são caras conhecidas e familiares desde a faculdade. Para já temos-nos dado muito bem e até nos acho bastante compatíveis na maioria das coisas que dizem respeito a viver sobre o mesmo tecto: alimentação, economia, limpeza, privacidade, aquilo a que não damos valor quando vivemos vinte e três numa casa com os  nossos pais, as pessoas que conhecemos e que nos conhecem desde sempre. Os outros dois quartos foram ocupados por dois rapazes de Braga, o Gil e o Pedro. O tempo ainda é curto, a convivência também mas para já parecem ser pessoas cinco estrelas, calmas e tranquilas, que gostam de gozar a vida, o que me agrada bastante. Por isso, acho que me saiu a sorte grande no que diz respeito aos roommates.

Quanto ao trabalho a sério, ainda não começou. Já nos foram apresentadas as chefes, fizemos a consulta de saúde ocupacional - conto-vos a história noutro post - e já fomos medidas para serem feitas as fardas. As fardas são o único aspecto que me desagradou do hospital até agora, porque são feias de morrer - pelo menos sei que se não tiver sucesso em enfermagem posso usar aquela farda para ser empregada na cantina de uma escola em Portugal. De resto parece-me um sítio moderno, limpo, com bom ar e onde vou gostar de trabalhar. O serviço também nos foi atribuído, ainda que a Dee - a responsável pelo nosso recrutamento através da KCIR - já nos tivesse dito: cardiologia. Ora, bom para currículo, interessante e dinâmico, mas vou ser obrigada a rever e a ampliar largamente os meus conhecimentos, porque é uma área que não domino totalmente.

Das saudades, ainda não se fazem sentir em plena força, porque ainda é como se estivesse de férias em Londres - também só passaram quatro dias, ainda que a sensação de mudança e ausência permanente seja uma coisa que me atormenta desde que estava em Portugal. E é naqueles momentos em que falo com os meus pais religiosamente todas as noites que percebo o quão importantes eles são na minha vida e fico com um apertozinho no coração, porque não sei quando é que lhes vou poder voltar a dar um abraço e um beijinho, dizer-lhes que os amo e que são eles os pilares da minha vida. Mas eles estão a aguentar-se bem e eu, para já, acho que também!

Para já, é isto que me lembro! São tantas novidades e tantas coisas diferentes que se torna difícil descrever tudo. Mas desde já uma certeza: é a maior e mais difícil aventura da minha vida, sem dúvida, mas é também um dos melhores passos que já dei. 

2 comentários:

Anónimo disse...

"Tropecei" agora no teu blog! Tenho de ler com atenção! Entretanto eu também vou para East London! Boa sorte para o começo :)

Anónimo disse...

"Tropecei" agora no teu blog! Tenho de ler com atenção! Entretanto eu também irei para East London! Boa sorte para o começo :)