segunda-feira, 16 de abril de 2012

Daquilo que nos faz crescer

Sempre vivi com os meus pais até me mudar para Londres. Mesmo nos tempos de faculdade, em que normalmente conquistamos a independência, estudei perto de casa e, portanto, continuei a morar com os meus pais. Vendo as coisas à distância, cresci pouco no que diz respeito a ser auto-suficiente e independente nesses tempos. Pelo mesmo motivo, fiquei perto da restante família e dos amigos que fui criando ao longo dos anos.

Para tudo tinha o pai e a mãe que ajudavam ou até faziam por mim. Quando não sabia ou receava ir sozinha, tinha sempre um amigo disponível. Nunca na vida tinha tratado sozinha de burocracias, de assuntos de finanças, rendas de casa, contratos, segurança social, água ou luz. Dos aspectos mais práticos, nunca tinha sentido a necessidade de limpar ou lavar a roupa. Eram aqueles assuntos que se resolviam na minha vida como por magia: se precisava, simplesmente estava lá.

E isto tornava-me ansiosa quando tinha de fazer algo importante por mim mesma: lidar com burocracias, com o banco, fazer uma viagem longa de carro sozinha... Mas, desde que cheguei, já andei sozinha por Stratford, fui abrir conta no banco, fui à descoberta sem saber bem por onde ia, tomei noção do que envolve viver sozinha e tratar de uma casa, partilhando-a com mais cinco pessoas. 

Na realidade, estou contente comigo mesma, porque me sinto a crescer de uma forma como nunca antes senti. Agora sou independente, responsável e finalmente uma adulta completa. Para ser feliz, faltam-me as minhas pessoas e consome-me, a cada dia, a saudade que aumenta. Se é fácil emigrar? Não, não é. Se o que descrevo parece um mar de rosas, posso afirmar certamente que não é. Os problemas e as dúvidas surgem em catadupa, as respostas nem sempre surgem, não é fácil, não é e ponto. Mas aguentamos-nos como podemos: afinal, estes são os primeiros dias do resto da nossa vida.


3 comentários:

Anónimo disse...

Olá! Sendo também eu uma enfermeira portuguesa pelas terras de sua majestade e com imensas saudades do meu querido carro, queria perguntar-te se trouxeste o teu e quanto mais ou menos gastaste na viagem...? Paga-se alguma coisa de especial para entrar no país? O que é preciso em termos de papelada?
Estou perto de Londres, 30min de comboio de London Marylebone mas ando à procura de trabalho em Londres, incluindo o "teu" hospital... Pode ser que ainda nos venhamos a encontrar! É sempre bom ouvir falar português por estas bandas...
Obrigada pela info que me poderás vir a oferecer... Ahah

Andreia*

disse...

Olá Andreia!(temos o mesmo nome!)

Não trouxe o meu carro e acho que não vou trazer, porque estou muito bem servida de transportes públicos. Mas também acho que trazer um carro português para aqui ia ser uma confusão para mim (conduzir no outro lado da estrada xD).

Por isso, não te posso ajudar muito nas questões que colocaste. Mas sei que os seguros dos carros no UK são muito caros - quase tanto como o valor de compra de um carro novo aqui-, por isso também tens de ter isso em consideração.

Era óptimo que viesses trabalhar para o meu hospital, os enfermeiros portugueses já encantaram todo o staff e ias ser muito bem recebida.



Anónimo disse...

Mas eu tenho tantas saudades do meu carrinho... =( lol pode ser que se me mudar para Londres não ache tanta falta... Aqui também estou bem servida de transportes para o trabalho, mas só durante a semana, fins de semana e feriados são um pesadelo!
As candidaturas estão enviadas, e sempre que aparece algo de novo estou alerta, agora é esperar...

Andreia*