quarta-feira, 17 de junho de 2009

325 dias.

Chega não sabes bem como. Começa com um amor desamor, que te vai enlaçando. Primeiro, só mais um dia, só para conhecer. Depois, um mês, só para sentir o sabor. A seguir, um ano, para deixar lembrança. Passam-se três, passam-se quatro. E quase nem sentes o tempo que corre apressado, parece que foge de ti.
Vives sendo bipolar para os outros, fazendo todo o sentido para ti. Vives duas vidas paralelas que num ponto se entrecruzam, deixando-se de se distinguirem aos teus olhos. Sentes-te a crescer exponencialmente, bebendo das palavras de quem sabe o que diz. Vives tu, apenas tu, não necessitas de máscaras, e sabes que naquele lugar podes ser como quiseres. Unes-te a uma dor pequenina, mas aprendes que a dor traz consigo o doce sabor da conquista. Ensinam-te que deves ser forte mas apercebeste que todos podem chorar. Passas a acreditar que chorar não é uma fraqueza, porque ao teu lado, mesmo que as mesmas lágrimas lhe escorram pela face saudosa, estará sempre alguém que enxugue as tuas. Conheces gente, dás-te a essa gente que antes não querias contigo. Vives, vives, vives. Vives a mil. Vives tudo aquilo que consegues agarrar. E esforçaste para agarrar com ambas as mãos, não vá ela teimar em fugir. Sentes-te gente. Sentes os outros como gente.

E no final? E quando passarem os meus 325 dias? O que serei eu? Desaprendi a viver como antigamente. Já me parece tão longe aqueles dias sem rumo. O que serei? Serei apenas memória? Serei recordação? Serei mais um na tradição? Nada, serei nada para aqueles que ainda ficarão neste mundo que agora é tanto meu. Restam-me os meus 325 dias para viver o mais que puder, mas também para aprender a ser nada. Apesar deste ser um nada cheio de tudo.

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