quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

My Sister's Keeper

Chamava-se D. Tinha 19 anos, e uma vida risonha pela frente. À vista, percebia-se que era um rapaz muito agradável: tinha mais de 1,85m, ombros largos que poderiam ser protectores, mãos grandes de rapaz forte e uma cara expressiva. Estudava na faculdade e, nos tempos livres, era modelo fotográfico. Filho único, o orgulho da sua mãe, que embargava a voz de sentimento quando falava do D. De uma mocidade que lhe sorria, tinha também um sarcoma ósseo em estadio IV, com metastização difusa, em quimioterapia paliativa. E o D. de umas linhas acima, apenas o percebi pelos traços, pelo sorriso sincero, pelo heroísmo na dor, pelo optimismo, pela simpatia, pela emoção da dona F. quando me descrevia o filho. O D. faleceu no IPO do Porto num dia triste do mês de Novembro de 2008.

Chorei, chorei feita menina ao ver este filme. E, apesar disso, aconselho-o a todos os que o quiserem ver, na certeza de que, por mais endurecido que a vida tenha tornado o coração de alguém, algo dentro de cada um irá ser transtornado, revolvido. Chorei no refúgio do meu quarto, e não pude evitar as lembranças daquele armário pequeno, ao pé dos elevadores, que tantas vezes acolhia as lágrimas de todos os que trabalhavam no piso 8 daquele hospital.

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